Usando estímulos visuais e auditivos, as aves conseguiram vocalizar números de um a quatro; acredita-se que suas habilidades sejam iguais às de crianças
A revista Science revelou uma nova pesquisa, na última quinta-feira, 23, que os corvos conseguem contar em voz alta e que podem ter habilidades numéricas semelhantes às de uma criança na pré-escola.
As pesquisam foram feitas em cima dos corvos gralha-preta (Corvus Corone), que são capazes de produzir grunhidos específicos em resposta a estímulos visuais ou auditivos. Isso permite que contem de um até quatro em voz alta.
Neste estudo, foi a primeira vez que foram mostrados animais contando ao fazer vocalizações numericamente distintas. “Produzir um número específico de vocalizações com propósito requer uma sofisticada combinação de habilidades numéricas e controle vocal”, dizem os autores do estudo em comunicado.
Nossos resultados demonstram que os corvos podem flexivelmente e deliberadamente produzir um número instruído de vocalizações usando o 'sistema numérico aproximado', um sistema de estimativa numérica não-simbólico compartilhado por humanos e animais”.
Em diversos estudos recentes, pesquisadores descobriram que diferentes animais têm um senso numérico próprio, como abelhas, leões, sapos e formigas. Em uma pesquisa aprofundada sobre o chapim de bico preto (Poecile Atricapillus), foi revelado que, para alertar ameaças mais significativas, adiciona sons 'dee' ao final dos seus chamados.
Entretanto, nenhum desses estudos forneceu evidências suficientes de que os animais possuem a mesma habilidade dos humanos de contar em voz alta. Os chapins, por exemplo, podem estar apenas chamando os outros com uma frequência maior devido ao estresse intenso.
Para achar indícios mais significativos de contagem vocal em animais, os pesquisadores direcionaram seus esforços para os corvos gralha-preta. A escolha pela ave foi feita graças às suas habilidades vocais e a alta compreensão de conceitos matemáticos complexos, como o zero.
Segundo a 'Revista Galileu, o estudo funcionou da seguinte maneira: A equipe de pesquisa apresentou três corvos ordenados de forma aleatória, expostos a estímulos visuais e auditivos. O estímulo visual era feito com números arábicos, já o auditivo através dos sons de diversos instrumentos.
A pesquisa foi se desenrolando por meio de tentativa e erro, as aves compreenderam que cada estímulo era correspondente a um número definido de grunhidos entre um e quatro.
Para mostrar que tinham terminado de vocalizar os sons, as aves foram treinadas para bicar a tela. Caso o número de grunhidos emitidos pelos corvos fosse correspondente ao estímulo, os animais eram recompensados com um petisco.
Com o fim do treinamento, os resultados apresentaram uma taxa de acertos maior do que o esperado. Até mesmo quando os corvos erravam a resposta, eram falhas entre números próximos, como três e quatro.
De acordo com a pesquisa, as habilidades de contagem das aves são parecidas com as de crianças na pré-escola, que na maioria das vezes contam com base em vocalizações de números ao invés de usar os que propriamente foram ditos.
Essa competência nos corvos também espelha as habilidades de enumeração das crianças antes de aprenderem a entender as palavras numéricas cardinais e, portanto, pode constituir um precursor evolutivo da contagem verdadeira, onde os números fazem parte de um sistema simbólico combinatório”, finalizaram os autores.