Cerca de 7 mil baleias morreram no Pacifico Norte entre os anos de 2012 e 2021, coincidindo com um período de temperaturas recordes
As populações de baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) da região norte do Oceano Pacífico sofreram uma significativa redução durante o século 20 devido à pesca comercial. Essa prática foi proibida no ano de 1976, o que resultou em um aumento no número de baleias. No entanto, a partir de 2012, observou-se uma enorme queda, possivelmente relacionada às mudanças climáticas e a uma onda de calor massiva.
Entre 2002 e 2012, a quantidade de baleias-jubarte no Pacífico Norte aumentou de 16.875 para 33.488. No entanto, de 2012 a 2021, houve um declínio de cerca de 20% na população, com aproximadamente 7 mil indivíduos morrendo, conforme relatado em um artigo da revista Royal Society Open Science publicado em 28 de fevereiro.
De acordo com o portal Galileu, esses dados foram obtidos através da plataforma Happywhale, que reúne centenas de milhares de fotos de baleias de todo o mundo, permitindo o monitoramento das populações ao longo do tempo. Após o envio das fotos para o projeto, elas são analisadas por ferramentas de inteligência artificial para identificar individualmente as baleias com base em suas características únicas, e os dados são então revisados por cientistas.
O declínio populacional das baleias-jubarte entre 2012 e 2021 coincidiu com uma onda de calor marinha massiva conhecida como "The Blob", que ocorreu entre 2014 e 2016 e aqueceu as águas do leste do Pacífico. Os pesquisadores acreditam que esse fenômeno possa ter perturbado o ecossistema marinho, reduzindo a disponibilidade de alimentos não apenas para as baleias-jubarte, mas também para outros animais marinhos.
Ted Cheeseman, biólogo que liderou o estudo, destacou, em entrevista ao The Guardian, que a produtividade reduzida do ecossistema afetou significativamente as baleias-jubarte, tornando-as mais suscetíveis à fome e à perda de peso, o que pode impactar sua saúde e reprodução.
Ele ressalta que, embora a ameaça da caça comercial tenha diminuído, a crise climática representa um novo desafio para esses animais marinhos, cujos problemas são agravados por outras ameaças como colisões com navios e emaranhamento em equipamentos de pesca.