Igor Kirillov, morto em explosão, era comandante sênior das Forças Armadas da Rússia e liderava a divisão responsável por armas químicas
O general Igor Kirillov, que ocupava a posição de comandante sênior das Forças Armadas da Rússia e liderava a divisão responsável por armas químicas, radiológicas e biológicas, foi morto em uma explosão na capital russa nesta terça-feira, 17.
Na explosão que resultou na morte do general e seu assistente, explosivos foram colocados em um patinete elétrico enquanto eles deixavam sua residência em Moscou.
Fontes do serviço de segurança da Ucrânia alegaram responsabilidade pela ação, caracterizando-a como uma operação especial contra um “criminoso de guerra” considerado um alvo legítimo. Por outro lado, comentaristas russos levantaram a hipótese de que o ataque poderia ter sido realizado por agentes ocidentais.
Kirillov, que atuava nesse cargo desde 2017, tornou-se uma figura proeminente nas estratégias de defesa do Kremlin e foi acusado por autoridades ucranianas de supervisionar o uso de armas químicas proibidas durante o conflito na Ucrânia, um fato que suscitou investigações nos Estados Unidos e em países europeus.
Com 54 anos, Kirillov construiu uma carreira militar focada em materiais perigosos. Antes de sua nomeação como chefe das forças de proteção radiológica, química e biológica, ele liderou a Academia Militar de Radiação, Defesa Química e Biológica entre 2014 e 2017.
Sua trajetória consolidou sua reputação como uma autoridade no tema, permitindo sua rápida ascensão ao cargo atual, onde esteve à frente das operações de defesa química e biológica da Rússia por sete anos.
As funções principais dessa divisão incluem identificar ameaças e proteger unidades contra contaminações, além de causar danos ao inimigo utilizando meios incendiários.
Sob a direção de Kirillov, as Forças Armadas russas foram acusadas de empregar armas químicas em combate, com registros que ultrapassam 4.800 incidentes conforme relatórios do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).
Kirillov também se destacou como uma figura controversa devido a suas declarações frequentemente extremas e sem fundamento. O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido o classificou como um “importante porta-voz da desinformação do Kremlin”.
Entre suas alegações mais notórias estava a afirmação de que os Estados Unidos estariam estabelecendo laboratórios para a produção de armas biológicas na Ucrânia, uma narrativa utilizada para justificar a invasão russa em grande escala em 2022.
Além disso, suas acusações sobre a suposta fabricação de uma "bomba suja" pela Ucrânia com apoio ocidental foram amplamente desacreditadas por especialistas internacionais, mas ainda assim tiveram destaque na propaganda russa.
A comunidade internacional, incluindo Reino Unido, EUA e Canadá, impôs sanções a Kirillov, responsabilizando-o pelo uso de armas químicas no conflito.