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Notícias / Raposas

Melhor amigo do homem: Estudo aponta companheirismo entre humanos e raposas

Um novo estudo revelou um possível relacionamento amigável entre raposas e humanos, com base em uma sepultura encontrada na Argentina

Redação Publicado em 13/04/2024, às 10h19

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Imagem ilustrativa de uma raposa - Licença Creative Commons via PxHere
Imagem ilustrativa de uma raposa - Licença Creative Commons via PxHere

Em um antigo túmulo localizado no noroeste da Argentina, uma descoberta intrigante foi feita: uma pessoa foi enterrada ao lado de um companheiro canino. No entanto, o animal não era um cachorro, segundo uma nova pesquisa, e sim um incomum de canídeo que possivelmente competia com os cães pela afeição humana: uma raposa.

Humanos e cães compartilham uma história ancestral, e a relação entre essas duas espécies remonta a dezenas de milhares de anos. No entanto, a análise de um sepultamento na Patagônia, datado de cerca de 1.500 anos atrás, sugere uma conexão entre um caçador-coletor do sul da América do Sul e a extinta espécie de raposa Dusicyon avus.

Conforme repercutido pela CNN Brasil, em 1991, arqueólogos descobriram o esqueleto praticamente intacto de um D. avus enterrado ao lado de um ser humano em Cañada Seca, um sítio localizado no norte da Patagônia.

Não foram identificadas marcas de corte nos ossos, indicando que a raposa não foi consumida como alimento, como explicou a Dr.ᵃ Lebrasseur, pesquisadora da Rede de Pesquisa de Paleogenômica e Bioarqueologia da Wellcome Trust, na Escola de Arqueologia da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Uma investigação envolvendo análise de DNA antigo e datação por radiocarbono confirmou tanto a espécie quanto a idade da raposa. Além disso, a análise do colágeno presente nos restos mortais da raposa revelou que ela mantinha a mesma dieta que o grupo humano.

Companheirismo

Além do posicionamento do esqueleto do animal na sepultura, sua dieta sugere que ele foi domesticado e mantido como um animal de estimação, segundo as conclusões publicadas pelos cientistas nesta quarta-feira, 10, na Royal Society Open Science.

Esta descoberta vai de encontro com um crescente número de evidências encontradas em cemitérios de todo o mundo, que apontam que raposas foram domesticadas por humanos e mantinham uma relação de companheirismo. 

A descoberta de D. avus em uma sepultura humana também foi surpreendente por outro motivo: embora essa espécie tenha sido amplamente encontrada pelo sul da América do Sul, sua presença nesta parte específica da Patagônia era até então desconhecida.

Os caçadores-coletores que habitavam essa região geralmente se deslocavam em um raio de aproximadamente 70 quilômetros, sugerindo que provavelmente encontraram essa raposa dentro dessa área, conforme apontado pelo estudo.

Extinção

O estudo também esclareceu os motivos por trás da extinção das raposas. Uma antiga teoria apontava que as raposas se cruzaram com cães trazidos pelos colonizadores europeus para a América do Sul, resultando na extinção da linhagem. Contudo, os autores do estudo revelaram que o DNA das raposas conta outra história.

Com base no que conseguimos recuperar e na técnica que desenvolvemos em Oxford há alguns anos, pudemos sugerir que a hibridização entre cães domésticos e Dusicyon avus não teria sido capaz de produzir descendentes férteis”, explicou Lebrasseur.

Contudo, ainda é possível que os cães podem ter contribuído para acelerar a extinção das raposas, com uma dieta semelhante à do D. avus, eles podem ter vencido na competição por recursos. Além disso, os cães podem ter transmitido de doenças que afetaram as raposas, observou a pesquisadora.

Muitos especialistas interpretam a domesticação dos cães como resultado do reconhecimento humano da utilidade dos cães como caçadores ou pastores. No entanto, os esqueletos de D. avus encontrados em Cañada Seca e em outros locais de sepultamento de raposas sugerem que o animal não precisava ter um papel utilitário para os humanos, podendo simplesmente ser considerado um amigo.

A proliferação de canídeos de diferentes espécies em estreita relação com os humanos parece indicar que, em princípio, se tratava de uma relação de afeto, de companheirismo”, acrescentou a Dra. Aurora Grandal-d’Anglade, paleobióloga da Universidade da Corunha, na Espanha.