Novo estudo aponta que as interações humanas tiveram um papel crucial na transição da caça e coleta para a agricultura; entenda!
Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) desafia a ideia de que fatores ambientais foram os principais responsáveis pela transição da caça e coleta para a agricultura. Em vez disso, a pesquisa aponta que interações humanas, como migração, competição e troca cultural, tiveram um papel determinante nesse processo.
Há cerca de 12 mil anos, populações nômades começaram a se tornar sedentárias e adotar a agricultura, uma transformação que, por muito tempo, foi atribuída a mudanças climáticas e condições naturais favoráveis.
No entanto, pesquisadores das universidades de Bath, Cambridge, University College London (UCL) e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva utilizaram um modelo matemático para analisar como caçadores-coletores e agricultores influenciaram uns aos outros.
Os resultados indicam que o contato entre esses grupos foi essencial para a disseminação da agricultura. Segundo comunicado divulgado pela Universidade de Bath, a pesquisa comparou dados arqueológicos e genéticos de três regiões — Dinamarca, leste da Ibéria e a ilha japonesa de Kyushu — e mostrou que o ritmo da expansão agrícola variou conforme as interações entre populações.
Nosso estudo oferece uma nova perspectiva sobre sociedades pré-históricas e destaca o papel da migração e da mistura cultural no surgimento da agricultura”, afirmou Javier Rivas, do Departamento de Economia da Universidade de Bath, no comunicado.
Além da competição por recursos, a assimilação cultural e o crescimento demográficoinfluenciaram a adoção da nova prática. Outro fator relevante foi o papel das redes sociais, que permitiram a transmissão de técnicas agrícolas e ajudaram a estruturar comunidades estáveis.
Os pesquisadores planejam aprimorar o modelo, expandindo sua aplicação para outras regiões e períodos históricos. "Esperamos que os métodos que desenvolvemos se tornem uma ferramenta padrão para entender como as populações interagiam no passado, oferecendo novas percepções sobre outros momentos importantes da história, não apenas a mudança para a agricultura", concluiu Rivas.