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A história do homem que viveu 22 anos em convento sob o nome 'Irmã Margarita'

Frank Tavarez, um homem da República Dominicana, viveu 22 anos em um convento como freira, adotando a identidade de "Irmã Margarita"

Luiza Lopes Publicado em 26/03/2025, às 09h33

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Frank Tavarez aos 73 anos e quando era freira - Reprodução/Youtube (@SinCortedo); Reprodução
Frank Tavarez aos 73 anos e quando era freira - Reprodução/Youtube (@SinCortedo); Reprodução

Frank Tavarez, um homem da República Dominicana, viveu 22 anos em um convento como freira, adotando a identidade de "Irmã Margarita". Sua história começou aos quatro anos, quando perdeu os pais em um acidente de trânsito e foi acolhido por freiras, pois seus avós, em condições financeiras precárias, não tinham como criá-lo.

Sua aparência levou as religiosas a tratá-lo como uma menina, e ele passou a ser reconhecido pelo nome de "Maria Margarita". No entanto, desde a infância, Frank sentia que algo estava errado. Aos sete anos, percebeu que era, na verdade, um homem, mas as dúvidas o acompanharam por muito tempo.

Quando jovem, buscou um médico, que confirmou que ele não era intersexo e que seu corpo mudaria na adolescência. Dentro do convento, manteve sua identidade em segredo:

Nunca me banhei nem me despi na frente delas. Ia para um banheiro separado, usava calcinhas estilo cueca, fingia ter menstruação, vestia roupas largas", revelou em entrevista ao jornal El País em 1993.

Durante a adolescência, sua masculinidade se tornou mais evidente, e as freiras perceberam que ele era um homem. Algumas novícias se envolveram com ele, e as relações foram mantidas em sigilo. No entanto, quando suas superiores descobriram, exigiram que ele deixasse o convento.

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Frank Tavarez viveu 22 anos em convento sob o nome de "Irmã Margarita" / Crédito: Reprodução

Gravidez

Frank partiu para outro mosteiro, onde conheceu Silvia, a quem descreve como "o amor de sua vida". “De quem eu mais me apaixonei foi Silvia. Ela me perseguia o tempo todo lá no convento. Respeitávamos aquele lugar, porque sabíamos que era uma casa sagrada de Deus. Tudo aconteceu em uma experiência fora do convento, depois a história se espalhou”, contou ao jornal.

Em 1979, uma ex-mestra interceptou uma carta que ele escreveu para Silvia, desmascarando sua identidade. Pouco depois, foi expulso do local.

Eu estava no noviciado, mas me sentia um traidor, enganando aquelas religiosas que foram tão boas comigo. Silvia e eu já estávamos completamente apaixonados e eu também não suportava mais viver essa farsa vestindo um hábito”, relatou.

Ao deixar a vida religiosa, Silvia lhe contou que estava grávida. No entanto, eles nunca mais se encontraram, e ele nunca soube do paradeiro do filho. Frank passou a trabalhar como costureiro, profissão que ainda exerce, e também escreveu um livro autobiográfico, "A Freira Despida".

A obra fez sucesso na República Dominicana, chegando a inspirar um merengue do cantor Juan Luis Guerra. Apesar da fama, ele afirma ter recebido muito pouco pelo livro devido à exploração de sua história pela mídia sensacionalista.

Atualmente, aos 73 anos, Frank se dedica a compartilhar a compartilhar sua história em entrevistas e palestras, acreditando que pode ajudar outras pessoas que enfrentam dilemas de identidade. "Esse nome é um lembrete do sofrimento que tive que passar", diz sobre Maria Margarita, a identidade que carregou por grande parte da vida.