Pedro Pablo Barrientos foi preso na Flórida, sendo acusado de torturar e assassinar o cantor chileno Víctor Jara durante a Ditadura Pinochet
Pedro Pablo Barrientos, um ex-militar chileno, foi preso na última semana na Flórida, nos Estados Unidos, sendo acusado de torturar e se envolver no assassinato de Víctor Jara, um icônico cantor chileno, no início da Ditadura Pinochet (1.973 - 1.990). Agora, espera-se sua extradição de volta ao Chile, onde era procurado pela Justiça desde 2013.
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Ele terá que responder agora às acusações feitas contra ele no Chile por seu envolvimento em torturas e execuções extrajudiciais de cidadãos chilenos", informou em comunicado o oficial encarregado do Escritório de Investigações de Segurança Nacional em Tampa, John Condon.
Barrientos, de acordo com o g1, vivia nos Estados Unidos desde 1989. No entanto, em julho ele perdeu sua cidadania americana após a determinação de um tribunal de que ele havia ocultado informações sobre seu serviço militar no Chile. Além do mais, em 2016 uma ação civil movida pela família de Jara em um tribunal da Flórida considerou o ex-militar culpado pela tortura e assassinato do músico.
Vale mencionar que na época em que Víctor Jara foi morto — em 16 de setembro de 1973 —, Barrientos era um tenente de apenas 24 anos e um dos oficiais encarregados pelos detidos no Estádio Chile, que servia como centro de tortura durante a Ditadura Pinochet.
Há algumas semanas, antes de Barrientos, outros sete militares chilenos da reserva também foram punidos com sentenças de até 25 anos de prisão pelo sequestro, tortura e assassinato de Víctor Jara. Entre eles, está o ex-diretor de prisões Littré Quiroga.
Quando vivo, Víctor Jara não foi conhecido somente como músico, sendo também professor, diretor de teatro e um ativista político, atuando como militante do Partido Comunista. Durante a ditadura de Augusto Pinochet, quando tinha 40 anos, foi detido na Universidade Técnica do Estado, torturado, e depois encontrado morto com 44 tiros.
Um símbolo da chamada Nova Canção Chilena — movimento musical e social da década de 1960 —, Jara é autor de músicas que ficaram bastante famosas em parte da América do Sul, como 'Te recuerdo Amanda', 'El derecho de vivir en paz' e 'Manifiesto'. Como já era uma figura pública durante os anos de repressão, foi perseguido e morto em uma das maiores atrocidades cometidas pelo governo ditatorial, que vitimou mais de 3 mil pessoas, somando mortos e feridos.
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