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Matérias / Brasil

A grande influência do Brasil no golpe militar de Pinochet, no Chile, segundo livro

Em “O Brasil contra a Democracia", o jornalista Roberto Simon explorou um capítulo obscuro da história brasileira

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/02/2021, às 17h47 - Atualizado às 20h15

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Fotografia de Pinochet - Wikimedia Commons
Fotografia de Pinochet - Wikimedia Commons

Lançado em fevereiro de 2021, o livro “O Brasil contra a Democracia: A Ditadura, o Golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul”, revela quanto o Ministério das Relações Exteriores brasileiro - também conhecido como Itamaraty - foi influente na tomada do governo chileno pelo ditador Augusto Pinochet

A obra foi escrita pelo jornalista Roberto Simon, e não tem medo de trazer à tona capítulos menos conhecidos da história nacional, explorando ainda diversos mitos na maneira como vemos o regime militar. 

Fotografia de Roberto Simon / Crédito: Divulgação 

Contexto 

Salvador Allende foi eleito presidente do Chile em 1970. De acordo com uma entrevista de Roberto dada à BBC, foi “um grande susto” para o governo militar brasileiro, que contava com a vitória do adversário do candidato, um político conservador e de direita chamado Jorge Alessandri

É importante destacar que Allende era verdadeiramente um socialista: suas propostas para o país tinham caráter revolucionário. 

O método do presidente, todavia, não pretendia pegar em armas como ocorreu em outros locais. Tratava-se de uma revolução feita através das ferramentas democráticas, como a própria urna que o elegeu. 

Era então o período da Guerra Fria, e infelizmente para projeto do político chileno, ele estava do lado errado do mundo: não apenas estava no mesmo continente que os Estados Unidos, maior representante do capitalismo, como também era um vizinho do Brasil, que vivia uma ditadura militar que fora instalada justamente com a justificativa de estancar a ameaça do comunismo. 

“Parte da imprensa brasileira daquela época começou a chamar o país de "Nova Cuba na América Latina", só que muito mais preocupante para o Brasil porque o Chile não estava no Caribe, mas aqui do lado na América do Sul. E é bom lembrar que naquele momento do golpe havia milhares de exilados brasileiros vivendo em Santiago”, explicou Simon à BBC. 

O especialista completou ainda que: “Então, dentro desse contexto a da Doutrina de Segurança Nacional da ditadura, o Chile desponta como a maior ameaça regional ao Brasil. E é aí que os militares brasileiros se debruçam sobre várias maneiras de lidar com essa ameaça. Não só os militares como também o Itamaraty”. 

Fotografia de bombardeio durante golpe de Estado que instalou a ditadura chilena / Crédito: Wikimedia Commons

Apoio 

De acordo com Roberto, o governo brasileiro apoiou conspiradores que pretendiam derrubar Allende, e com ele, a democracia chilena. Isso incluiu até mesmo grupos neofascistas, como o “Patria y Liberdad”. Além disso, teria feito esforços no sentido de “isolar democraticamente” seu vizinho até o momento de concretização do golpe militar. 

“O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a junta militar liderada por Augusto Pinochet e ajudou na montagem do aparato de repressão do governo dele. O país garantiu apoio político, diplomático e econômico ao governo Pinochet.”, revelou Simon na mesma reportagem. 

Ao mesmo tempo em que realizava essas interferências, o governo brasileiro teria ainda servido como 'modelo' para o Chile, de acordo com a obra do jornalista. Isso porque o Brasil havia derrubado um governo de esquerda, e havia criado um “regime autoritário que promovia um crescimento ordenado”. 

“Nos anos 1970, o Brasil era o país que mais crescia no mundo percentualmente e os chilenos olhavam aquilo como uma grande lição.”, explicou Roberto à BBC. 

Fotografia de estádio de futebol transformado em 'campo de concentração' por ditadura chilena / Crédito: Wikimedia Commons

O autor também destacou que o ditador chileno, além de ter promovido a tortura e o assassinato das figuras de esquerda do país, esteve longe de ser honesto na política. 

“Hoje a gente sabe que o Pinochet foi uma das figuras mais corruptas da histórica do Chile - e isso quem descobriu não foi a esquerda, nem Cuba, foi o Senado americano. Ele tinha fortunas escondidas em offshores internacionais, e a polícia secreta dele estava envolvida diretamente com o narcotráfico, além das maiores barbáries e violações de direitos humanos.”, concluiu Simon para o veículo.


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