Mario Carroza considera torturas sexuais que foram cometidas pelos agentes da ditadura uma 'forma específica de violência contra mulher'
De acordo com informações publicadas na última quarta-feira, 18, pelo jornal O Globo, o juiz chileno Mario Carroza tomou uma decisão inédita na Justiça do Chile quando incorporou uma perspectiva de gênero na condenação de ex-agentes da ditadura de Pinochet.
Segundo a reportagem, Carroza condenou os homens que atuaram na Direção Nacional de Inteligência (DINA): Raúl Iturriaga Neumann, Manuel Rivas e Hugo Hernández a 15 anos de prisão, como autores de sequestros e pelo uso de tortura com violência sexual contra pelo menos seis mulheres na ditadura, entre os anos 1974 e 1975.
O que chamou a atenção na decisão do juiz foi o fato de que as torturas e abusos cometidos durante os interrogatórios foram considerados por ele uma "forma específica de violência contra a mulher”. Durante o julgamento, Mario afirmou que essas vítimas vivenciaram “circunstâncias desumanizadas, degradantes e abusivas”, e por isso, os crimes deveriam ser julgados de maneira com que essas circunstâncias fossem evidenciadas.
Com a sentença proferida aos ex-agentes, o Estado do Chile também deverá pagar uma indenização para as vítimas no valor de 80 milhões de pesos chilenos, cerca de R$ 560 mil reais na conversão atual da moeda. Sabe-se, que com a sentença os condenados não terão direito de apelação.
Sobre a ditadura de Augusto Pinochet
O ex-líder do Chile, Augusto Pinochet foi responsável por instalar o regime militar em seu governo no país, durante os anos de 1973 e 1990. Conhecido pelas atrocidades desse período, Pinochet ordenou que milhares de pessoas fossem mortas e torturou outras dezenas de milhares.
Foram mais de 80 mil pessoas presas e outras 30 mil torturadas na Ditadura Militar Chilena. Segundo números oficiais, durante os 17 anos desse regime militar, mais de três mil pessoas foram assassinadas no Chile.