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Notícias / Arqueologia

Esqueleto do século 17 é descoberto soterrado em pedras na Alemanha

Descoberto durante escavações em área de antiga forca na Alemanha, homem teria sido soterrado com pedras para impedir retorno como fantasma

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 21/09/2024, às 13h30

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Esqueleto do século 17 soterrado com pedras descoberto na Alemanha - Divulgação/Secretaria de Estado de Preservação de Monumentos e Arqueologia Saxônia-Anhalt
Esqueleto do século 17 soterrado com pedras descoberto na Alemanha - Divulgação/Secretaria de Estado de Preservação de Monumentos e Arqueologia Saxônia-Anhalt

Arqueólogos alemães do Escritório Estadual de Preservação de Monumentos e Arqueologia de Saxônia-Anhalt descobriram, em meio a escavações recentes na área de uma antiga forca do século 17 na cidade de Quedlinburg, na região central da Alemanha, um sepultamento no mínimo curioso. Ali, havia os restos mortais de um homem, possivelmente um criminoso executado, soterrado por um monte de pedras pesadas.

Segundo os especialistas, o método com o qual o sepultamento foi realizado, depositando pedras sobre o corpo do homem executado, possivelmente teria sido feito para impedir que ele retornasse e assombrasse as pessoas como um fantasma.

Em declaração divulgada no dia 5 de setembro, os responsáveis pela descoberta apontam que os restos mortais daquele homem datam de algum período entre 1662 e 1809, quando a forca da região ainda era utilizada. A arqueóloga responsável por liderar as escavações, Marita Genesis, recorda ao Live Science que, entre os séculos 16 e 18, o medo de fantasmas era algo crescente na Europa:

Essas eram pessoas que possivelmente morreram prematuramente, ou de morte súbita, sem confissão ou absolvição", explica ela ao Live Science. "Havia medo de que pudessem retornar ao reino dos vivos, [então] várias medidas foram tomadas para evitar que os falecidos voltassem à vida".

Entre as ações utilizadas para impedir que os falecidos voltassem, era comum a pulverização de incenso, depositar cruzes de madeira junto ao corpo, amarrar membros do falecido ou mesmo cobri-lo com galhos.

Neste caso, supõe-se que o criminoso executado teria sido alguém indesejado ou perigoso, visto que ele foi enterrado de costas, fora de um caixão e com grandes pedras sobre seu peito, "algo obviamente destinado a impedir que ele se levantasse do túmulo", ressalta Genesis.

Vale reforçar ainda que não foram encontrados quaisquer sinais de brutalidade no esqueleto, sem a sugestão de que ele tivesse sido espancado ou mutilado. Porém, mortes como enforcamento ou afogamento, execuções comuns da época, geralmente não deixam marcas visíveis; por isso, ainda se aguarda por resultados de novos exames, que devem determinar a causa exata da morte.

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Galgenberg

A área da escavação, na época em que eram feitas execuções, serviu como uma "colina da forca" (chamada de "galgenberg" em alemão), em que criminosos eram levados para serem enforcados e, ali mesmo, enterrados, para que ninguém precisasse carregar os corpos por longas distâncias. Na época, criminosos eram enterrados sem muitas regalias de sepultamento, como sinal de que não eram bem vistos.

Estima-se que, no local, exista ao menos 16 sepulturas individuais, além de duas fossas repletas de ossos. Além do homem com as pedras sobre o peito, também foram identificados outros esqueletos no local, alguns com marcas de ferimentos cortantes, que podem ter sido infligidos durante tortura. Genesis explica ainda, no comunicado, que o esquartejamento também era uma forma de execução, mas exclusiva apenas aos piores criminosos.

"Criminosos eram geralmente enterrados de qualquer jeito, como carcaças de animais, sem nenhuma simpatia ou cuidado", explica a pesquisadora, que comenta que, inclusive, muitos destes criminosos eram enterrados ainda amarrados, de acordo com a Revista Galileu.