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Notícias / Arqueologia

Descobertas revelam resistência asteca ao colonialismo espanhol no México

Os itens foram encontrados no centro histórico da Cidade do México

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/07/2022, às 15h27

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Fotografia de patologia de ossada de criança, encontrada no México - Foto por Juan Carlos Campos Varela pela DSA INAH
Fotografia de patologia de ossada de criança, encontrada no México - Foto por Juan Carlos Campos Varela pela DSA INAH

A Direção de Salvamento Arqueológico (DSA) do México realizou um projeto no bairro de La Lagunilla, no centro histórico da Cidade do México, capital mexicana, e acabou descobrindo restos de uma casa indígena com sete sepulturas. Os jazigos datam do início do período colonial, de 1521 a 1620, já após a dominação espanhola sobre o Império Asteca.

A casa, que provavelmente pertencia a uma família asteca, possuía quatro cômodos, com um deles sendo a cozinha; o local também tinha um corredor, que levava a um pátio onde havia o que provavelmente servia como altar. No entanto, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o local em que a antiga residência foi encontrada.

O espanto se deve pelo fato de que em agosto de 1521, quando os espanhóis tomaram Tenochtitlán — capital do Império Asteca, onde atualmente se encontra a capital mexicana —, os indígenas foram marginalizados para as periferias sob o argumento de que a cidade se tornaria um centro socio-político 'desenvolvido'. No entanto, como no caso da descoberta em questão, alguns astecas apresentavam resistência e se recusavam a abandonar a capital.

As descobertas

Dos sete jazigos encontrados no local, três pertenciam a adultos e os outros quatro a crianças, sendo a mais velha com uma idade de entre 6 e 8 anos, o que foi identificado a partir de análises de ossos e brotos dentários. Além disso, seu sexo foi o único identificado entre as crianças, sendo uma menina, devido a uma estatueta na sepultura que retratava uma mulher segurando uma menina.

O motivo de sua morte precoce — e das outras crianças, ou até mesmo de toda a família — pode estar relacionado a doenças relativas a alimentação, como anemia, infecções parasitárias ou desnutrição. Tal afirmação pôde ser realizada graças a peneiras orbitais encontradas na parte superior dos ossos oculares da menina, seguno a Revista Galileu.

Fotografia da ossada da menina asteca, com as peneiras orbitais
Fotografia da ossada da menina asteca, com as peneiras orbitais / Foto por Juan Carlos Campos Varela pela DSA INAH

Outra das ossadas descobertas no local — no caso, a da criança mais jovem — pertencia a um bebê que teria nascido prematuramente. Acredita-se que talvez ele tenha sido resultado de um aborto espontâneo, e seria necessário estudo maior para identificar se foi devido alguma deficiência nutricional ou estresse materno, até para que se pudesse determinar melhor as causas de morte de toda a família.

O provável nascituro estava acompanhado de duas tigelas de cerâmica com tripé e jazia dentro de um pote globular – 35 centímetros de diâmetro e 50 centímetros de altura –, que nos remete a uma prática funerária cujos elementos representavam a busca de devolvê-lo ao ventre materno, que é representado por uma panela", disse Juan Carlos Campos Varela, autor do estudo.
Alguns dos utensílios encontrados na escavação
Alguns dos utensílios encontrados na escavação / Foto por Juan Carlos Campos Varela pela DSA INAH

Até o momento, a DSA conseguiu recuperar mais de 200 objetos astecas no local, como brinquedos, apitos, pratos, jarras, moedas e medalhas.