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Notícias / Bebê Rena

Bebê Rena: Juiz americano determina que série não é "história real"

Após polêmica envolvendo mulher que inspirou perseguidora em série, processo envolvendo 'Bebê Rena' pode ter continuidade; entenda!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 30/09/2024, às 08h00 - Atualizado às 08h18

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Jessica Gunning como Martha em 'Bebê Rena' - Divulgação/Netflix
Jessica Gunning como Martha em 'Bebê Rena' - Divulgação/Netflix

Lançada no começo deste ano, a série 'Bebê Rena', da Netflix, teve grande repercussão ao contar uma história bastante tensa de perseguição sofrida pelo criador da produção, Richard Hadd, por uma mulher chamada Martha; além de ser dito no início de cada episódio que aquela era uma "história real". Porém, agora grande polêmica gira em torno da série.

Isso porque Fiona Harvey, mulher que inspirou a personagem Martha, entrou com um processo de difamação contra a Netflix, alegando que a empresa "não fez nenhum esforço" para verificar os fatos da história de Gadd, e que aquela narrativa até poderia ser inspirada na realidade, mas não era uma representação precisa dos fatos.

Entre as reclamações de Harvey, que não nega que tenha perseguido Gadd, ela alegou que o programa insinuou falsamente que ela abusou sexualmente do rapaz, além de que ela teria sido presa por persegui-lo. Por isso, como o programa a retratou como uma perseguidora condenada, enquanto ela nunca foi condenada por nenhum crime, ela entrou com um processo de US$ 170 milhões.

Na última semana, o juiz americano Gary Klausner observou que, como os episódios de 'Bebê Rena' sempre começam com uma mensagem de "esta é uma história verdadeira", a produção convida os espectadores a aceitar tudo aquilo mostrado como fato. Porém, por mais que as "supostas ações de Harvey sejam repreensíveis", o juiz aponta que as ações de Martha no programa são bem piores do que Harvey é realmente acusada.

Há uma grande diferença entre perseguição e ser condenado por perseguição em um tribunal. [...] Enquanto as supostas ações do autor são repreensíveis, as declarações dos réus são de um grau pior e podem produzir um efeito diferente na mente de um espectador", escreveu Gary Klausner em sua decisão, conforme repercute o The Guardian.

Vale mencionar que o episódio de perseguição sofrido por Gadd durou anos, quando ele trabalhava em um pub de Londres. Na época, Harvey o tocava de maneiras constrangedoras, além de lhe enviar milhares de e-mails. No fim, ele denunciou a mulher à polícia, que emitiu apenas um "aviso de assédio", e Harveynunca foi processada criminalmente.

Vale mencionar que em outras ocasiões Gadd chegou a dizer que o programa da Netflix era ficcional, e não pretendia ser uma recontagem exata da realidade. Em junho deste ano, inclusive, o Sunday Times relatou que Gadd tinha ressalvas sobre a frase "esta é uma história verdadeira", mas que a Netflix insistiu para que ela fosse incluída.

Este artigo do Sunday Times foi inclusive mencionado na decisão de Klausner, que argumentou que a frase da Netflix poderia demonstrar "malícia real" ao representar a história como factual, e não ficcional.

+ Bebê Rena: Entenda a polêmica em torno da série que chama atenção no Emmy

Martha (Jessica Gunning) em 'Bebê Rena' e Fiona Harvey / Crédito: Divulgação/Netflix / Reprodução/Vídeo/Youtube

Descobrindo Harvey

Embora Fiona Harvey nunca tenha sido nomeada em 'Bebê Rena', não demorou até que o público descobrisse sua identidade, mesmo que não fosse o desejo de Gadd, a partir de publicações nas redes sociais da mulher. Após ser identificada, inclusive, Harvey teria recebido uma série de ameaças de morte; o que Klausner acrescenta na decisão, reconhecendo que ela sofreu "grave sofrimento emocional" após o lançamento da obra.

Para o juiz, a Netflix "deveria saber que as declarações e a representação da autora por meio de Martha eram falsas, e que os espectadores descobririam sua identidade e a assediariam com base nessas declarações e representações falsas. No entanto, os réus não fizeram nenhum esforço para investigar a precisão dessas declarações e representações, ou tomaram outras medidas para esconder sua identidade".

Assim, Klausner negou a moção que a Netflix havia tentado para rejeitar o processo de Harvey. Agora, a mulher pode seguir com sua alegação de inflição intencional de sofrimento emocional contra a Netflix, que se aplica às declarações falsas "extremas e ultrajantes".