Muito antes da Era Viking, as sociedades nórdicas da Idade do Bronze provavelmente já dominavam a navegação, segundo novo estudo
Muito antes da Era Viking, as sociedades nórdicas da Idade do Bronze provavelmente já dominavam a navegação, cruzando regularmente vastas extensões de oceano entre o que hoje é a Dinamarca e a Noruega.
Essa conclusão, apresentada em um novo estudo publicado na PLOS ONE, desafia a visão tradicional de que essas populações percorriam apenas rotas costeiras. Os cientistas utilizaram uma ferramenta avançada de simulação computacional chamada "Voyage Optimization Tool" para testar a viabilidade de duas rotas marítimas.
Para isso, combinaram dados arqueológicos, simulações de desempenho de embarcações e modelagem ambiental, comparando um trajeto costeiro de aproximadamente 700 quilômetros com uma rota direta de cerca de 110 quilômetros através do Estreito de Skagerrak.
O objetivo era determinar se os povos da Idade do Bronze possuíam as habilidades técnicas e de navegação necessárias para percorrer grandes distâncias sem a referência visual da terra.
Conforme repercute o site Archaeology News, os pesquisadores basearam-se em dados experimentais de réplicas de embarcações da época, como os barcos Hjortspring e Ullerslev, feitos com pranchas costuradas com fibras naturais e impulsionados a remo.
As simulações indicaram que, em condições climáticas favoráveis — ondas abaixo de um metro e ventos inferiores a 18 km/h —, a travessia em mar aberto não apenas era viável, mas também significativamente mais rápida, reduzindo o tempo de viagem em até 25% em comparação com a rota costeira mais segura, porém mais longa.
Segundo os pesquisadores, evidências arqueológicas sugerem que as travessias regulares do Skagerrak começaram por volta de 2300 a.C., exigindo tanto embarcações robustas quanto marinheiros experientes, capazes de interpretar fenômenos naturais para a navegação, como a posição do Sol, pontos de referência e até o comportamento de animais.
Embora a rota costeira oferecesse mais oportunidades para reabastecimento, seus desafios logísticos poderiam torná-la impraticável para viagens prioritárias ou urgentes.
Os achados também ajudam a explicar padrões arqueológicos no norte da Dinamarca e no sudoeste da Noruega, onde semelhanças em artefatos, rituais funerários e arquitetura indicam contatos frequentes entre as regiões — resultado, segundo os pesquisadores, de navegações diretas e não apenas de deslocamentos costeiros.