Quem resistiu aos Andes peruanos tem alimentação diferente e coração maior
Há 9 mil anos, os primeiros moradores dos Andes peruanos precisaram passar por uma série de mutações genéticas a fim de sobreviver a altitudes que ultrapassam os 2 500 metros acima do nível do mar. Um estudo realizado por pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, do Peru, do Chile e da Alemanha, e publicado na revista Science Advances, analisou o DNA desses ancestrais dos incas e concluiu: esses antigos povos desenvolveram coração e pressão arterial maior para conseguirem sobreviver na vasta cadeia montanhosa.
A mudança teria acontecido a partir do momento em que essas civilizações se fixaram no local. De acordo com as descobertas arqueológicas, esses povos começaram a viver no Andes há 12 mil anos, contudo, a povoação efetiva começou cerca de três milênios depois.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores realizaram uma análise no DNA de povos antigos e modernos que viveram na região. Em seguida, fizeram uma comparação com a informação genética de povos da América do Sul que habitavam partes altas e baixas do Andes, e as populações nativas antigas que viviam em partes mais afastadas.
O estudo revelou, por exemplo, que os caçadores-coletores das partes mais altas mudaram os seus hábitos alimentares após o plantio de alimentos ricos, como milho e batata. No entanto, os habitantes de terra mais baixas não passaram pela mesma adaptação.
A pesquisa também apresenta novidades em relação à migração dos primeiros povos americanos. Até agora, acreditava-se que os primeiros americanos se afastaram de seus ancestrais na Sibéria e na Ásia há 25 mil anos – uma parte se fixou na América do Norte e outra na América do Sul. Entretanto, com base em achados arqueológicos descobertos em Monte Verde, no Chile, o novo estudo explica que os grupos se separaram há 14.750 anos.