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Testeira

Religião e neurociência: A perspectiva de um neurocientista sobre a fé

Fabiano de Abreu: Para muitos, misturar ciência e crença pode soar antagônico, contudo, está longe disso

Fabiano de Abreu* Publicado em 09/07/2022, às 10h00

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Imagem meramente ilustrativa - Pixabay
Imagem meramente ilustrativa - Pixabay

Este tema não é novo, mas também não é abordado como deveria e com a seriedade necessária. Misturar ciência e crença pode soar antagônico, mas não é bem assim. O ser humano é composto por variadas vertentes que se interligam e se influenciam mutuamente. 

Recentemente publiquei um artigo científico intitulado: ‘A perspectiva de um teólogo e de um neurocientista em relação a fé’, no qual analiso duas visões distanciadas sobre uma mesma questão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o poder da fé é estudado desde os anos 1980. As observações afirmam que a fé influencia na saúde mental, física e biológica.

No entanto, tudo que é divino, quando colocado em discussão, é limitado pela própria linguagem, que reflete alusões daquilo que se imagina e se encontra no mítico e no religioso. Como consequência, o objetivo do estudo apresentado é compreender a influência da fé em indivíduos religiosos e naqueles considerados ateus, em relação as funções neurológicas cerebrais.

Teologia

O teólogo Karl Rahner acreditava que a Teologia era uma palavra sobre Deus, afinal, é possível estudar diversas religiões: espiritismo, judaísmo, budismo e o cristianismo. Assim, foram unidos blocos de crenças distintas do pensamento religioso.

Fato é que a teologia possui, há séculos, produções acadêmicas e religiosas a frente de qualquer outra sistematização de conhecimento existente. Sem ela, não teríamos muitas das áreas do conhecimento humano que possuímos hoje. Basta lembrar-se da biblioteca de Alexandria.

Contudo, existe uma influência real. Um estudo realizado na Suíça com pacientes esquizofrênicos, após três anos do diagnóstico, demonstrou que os indivíduos consideravam a prática religiosa como um recurso para suas condições de vidas.

Foi observado pelos pesquisadores a habilidade de tais participantes em conseguir regular seus sentimentos ruins e melhora do convívio social, ao contrário do que era visto anteriormente desses indivíduos realizarem práticas religiosas.

A fé

Mas, a fé não é necessariamente religiosa. É ter esperança, ou em atos divinos, ou atos concretos. A fé pode transformar. Sendo assim, é fato que a religião pode ser um fator preservador da vida e auxiliar o indivíduo a tratar uma patologia como a depressão ou ansiedade, sendo até mesmo capaz de evitar o suicídio, porém, essa não é uma regra.

Aqueles que seguem uma determinada religião desenvolvem sentimentos e sensações de fé, esperança e bem-estar. Em contrapartida, os indivíduos considerados ateus, aqueles que não seguem e não acreditam em nenhuma religião, não tem esse apego, assim, não sentem falta de tal, e encaram sensações de esperança e bem-estar relacionadas a demais atitudes concretas. Há intervenções significativas para a fé, entre elas a própria inteligência como determinante em relação à presença e falta dele e onde depositada.


* Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências, Mestre em Psicanálise, Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com formações também em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neuroplasticidade, Inteligência Artificial, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filosofia, Jornalismo, Programação em Python e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associações e sociedade de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva.