Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Desventuras / Vampiro

Relembre a história do túmulo do 'vampiro' do século 19 encontrado nos EUA

Esqueleto conhecido como o 'vampiro de Connecticut' intrigou pesquisadores; relembre o estudo de 2019

por Giovanna Gomes
[email protected]

Publicado em 29/07/2024, às 19h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Reconstrução de rosto a partir de crânio encontrado - Divulgação/Parabon NanoLabs
Reconstrução de rosto a partir de crânio encontrado - Divulgação/Parabon NanoLabs

John Barber era um homem de cerca de 55 anos de idade quando faleceu e foi enterrado em Griswold, Connecticut, durante o século 19. Quando seus restos mortais foram descobertos, mais de 150 anos depois, foi notado que havia sido decapitado e que seus ossos do crânio e da coxa haviam sido colocados em sua caixa torácica.

A descoberta deixou os cientistas intrigados ao longo de décadas, criando uma aura de mistério em torno do "vampiro" do século 19.

A descoberta

Tudo começou em 1990, quando uma criança encontrou um crânio em uma mina. Conforme o portal Business Insider, a polícia isolou o local, inicialmente suspeitando que os restos mortais pudessem pertencer a uma vítima do serial killer local Michael Ross. Contudo, rapidamente ficou claro que os ossos tinham mais de cem anos.

O local apresentava 29 sepultamentos típicos dos anos 1700 e 1800, mas um conjunto de restos mortais se destacou devido à sua posição incomum: os pés, a caixa torácica e a coluna estavam na posição correta, no entanto, os ossos do crânio e da coxa foram removidos, sugerindo práticas funerárias não convencionais.

A posição dos ossos indicava que o corpo teria sido reorganizado após a morte, um ato que os arqueólogos acreditam estar ligado a crenças de vampirismo.

Durante séculos, algumas culturas acreditaram que os mortos poderiam voltar para assombrar os vivos, resultando em práticas funerárias destinadas a impedir a ressurreição.

Ellen Greytak, diretora de bioinformática da Parabon NanoLabs, explicou que a posição do esqueleto tinha o objetivo de garantir que o "vampiro" não pudesse caminhar e atacar os vivos.

Iniciais

Por anos, o "vampiro de Connecticut" foi conhecido apenas como "JB55", baseado nas iniciais "JB" esculpidas nas tachas de latão usadas para fechar o caixão.

Em 2019, uma análise de DNA, com pesquisa genealógica, revelou que o nome verdadeiro do homem era John Barber, um fazendeiro modesto que morreu de tuberculose em 1826.

A tuberculose causava perda dramática de peso, envelhecimento da pele e tosse de sangue, sintomas que poderiam ter assustado os contemporâneos de Barber e levado à sua reclassificação como um "vampiro". O medo da doença e a falta de entendimento científico resultaram em práticas supersticiosas para impedir que os mortos ressuscitassem.

Rosto

Para dar um rosto a Barber, a Parabon NanoLabs e o Laboratório de Identificação de DNA das Forças Armadas analisaram o DNA extraído dos restos mortais.

Utilizando inteligência artificial, os cientistas teorizaram que Barber tinha pele clara, olhos castanhos ou castanho-claros, e cabelos castanhos ou pretos. Essas características foram, então, aplicadas a uma digitalização 3D do crânio de Barber, criando um retrato apresentado em uma conferência em 2022.

Pesquisadores usaram a inteligência artificial na reconstrução do rosto do homem / Crédito: Divulgação/Parabon NanoLabs

Crenças populares

Os arqueólogos enfatizaram que quando falam de "vampiros", não se referem aos seres imortais sugadores de sangue da ficção, mas sim a crenças populares em mortos que poderiam voltar para assombrar os vivos.

Na Nova Inglaterra do início de 1800, um "pânico de vampiros" parece ter varrido a área, semelhante ao Pânico das Bruxas de 200 anos antes. O esqueleto de Barber não é o único caso; os "vampiros de Jewett City", uma família que morreu de tuberculose, também foram exumados e queimados na época.

Matteo Borrini, antropólogo forense da Liverpool John Moores University, argumenta que as crenças em vampiros atingiram o pico entre os séculos 14 e 18, sugerindo que este caso seria um registro tardio dessas crenças. Ele observa que as práticas funerárias desviantes, como a reorganização de ossos, geralmente ocorrem enquanto o corpo ainda está em decomposição, o que não parece ter sido o caso aqui.

"Portanto, não poderia ser considerado um vampiro tradicional", disse o pesquisador ao portal Insider. "Eu classificaria isso como um enterro desviante impulsionado pela superstição e falta de compreensão das condições patológicas, em vez de crença em vampiros", finalizou.