Escrita somente 19 dias antes da morte do general francês, carta continha alguns de seus últimos desejos
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 16/10/2023, às 15h06 - Atualizado em 23/11/2023, às 10h49
Chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 23, aquele que se tornou um dos filmes históricos mais aguardados do ano: 'Napoleão'. Dirigido por Ridley Scott e com a presença do aclamadíssimo Joaquin Phoenix no elenco, o longa já chama atenção por seu elenco e nomes envolvidos.
De acordo com a sinopse, o filme narra "as origens do comandante militar Napoleão e sua rápida ascensão. Uma visão através do prisma de seu relacionamento e muitas vezes volátil com sua esposa e por ser amor verdadeiro, Josefina".
+ A relação turbulenta entre Napoleão e Josefina, que será mostrada em filme
Claro que o fato de Napoleão Bonaparte ser interpretado por Joaquin Phoenix — que ganhou um Oscar como melhor ator recentemente e já trabalhou com Ridley Scott no também premiado 'Gladiador' (2000) — já é razão para dar vontade de assistir ao filme. No entanto, o filme recupera a trajetória de uma figura que ainda divide opiniões.
Porém, claro que uma história de tantas glórias teria um fim. Em 18 de junho de 1815, ocorreu a derradeira Batalha de Waterloo, na qual Napoleão lutou contra as tropas lideradas pelo Duque de Wellington e por Blücher. Ao final do conflito, acabou derrotado. Em seguida, ele foi enviado para a ilha de Santa Helena, onde viveu exilado até o fim de sua vida, em 5 de maio de 1821, aos 51 anos.
+ A intensa batalha de Waterloo e a queda de Napoleão Bonaparte
Sobre o período de exílio, surpreendentemente, se sabe bastante acerca de como foram seus últimos dias. Isso porque, no fim de sua vida, Napoleão dedicou-se especialmente a registrar memórias. Entre seus bens, estavam poucas joias, esculturas, louças de porcelana e uma pintura.
Ele tinha uma vida muito modesta. Possivelmente, ele não tinha nada de valor", explica Pierre Gheno, especialista na vida de Napoleão, em entrevista de 2013 ao The Guardian.
Em meio aos antigos pertences de Napoleão, que sobraram após sua morte, um artigo aparentemente sem valor chama bastante atenção: uma carta. Para ser mais específico, a última carta escrita pelo antigo imperador.
Era uma raríssima cópia do testamento original de Napoleão, reproduzido por seu ajudante. "Esse documento é muito especial em meio ao grande volume de documentos que foram produzidos nesta era", explicou Gheno.
O documento, no caso, foi escrito no dia 16 de abril de 1821 — apenas dezenove dias antes de sua morte —, onde Napoleão pediu para que seus bens remanescentes fossem repartidos entre amigos que também moravam na ilha de Santa Helena. Além disso, fez ainda um pedido: ter suas cinzas jogadas sobre o rio Sena, em Paris, enquanto menciona a presença do povo francês na ocasião.
Napoleão sempre escrevia de um jeito factual. Mas nesta carta nós vemos emoção, dizendo que gostaria que suas cinzas fossem jogadas pelo rio Sena na presença do amável povo francês. Ele sabia que estava morrendo", conta Pierre Gheno.
Apesar de tudo, o último pedido de Napoleão Bonapartenão foi atendido: temendo a volta do bonapartismo, o rei Luís XVIII, que assumiu o trono após o general, não acatou ao pedido, numa tentativa de diminuir o barulho em torno de Napoleão. Então, quase duas décadas depois da morte, em 1840, as cinzas foram levadas ao museu dos Inválidos, em Paris.