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Curiosidades / Egito Antigo

Veja a última refeição de um crocodilo há 3 mil anos

No antigo Egito, era comum que, além de pessoas, animais também fossem embalsamados como talismãs; confira última refeição de crocodilo da época!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 21/08/2024, às 09h21

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Crocodilo mumificado passando por tomografia computadorizada - Divulgação/Lidija McKnight
Crocodilo mumificado passando por tomografia computadorizada - Divulgação/Lidija McKnight

Quando se fala sobre o Antigo Egito, não é difícil que nossas memórias se voltem a elementos pelos quais essa sociedade do passado ficou tão conhecida. Entre eles, estão os misteriosos hieroglifos, as grandes pirâmides e, claro, as múmias.

Embora muita gente pense em múmias como corpos de pessoas mortas, que passaram por um processo de preservação, ou mesmo nas representações zumbilescas de Hollywood, a verdade é que essa era uma forma de preservar cadáveres que, por vezes, era empregada até mesmo em animais.

E um estudo recente, publicado na Science Direct, revelou mais detalhes sobre os últimos momentos da vida de um crocodilo mumificado pelos embalsamadores egípcios. Confira!

Animais sagrados

Para os egípcios, conforme repercute o Live Science, vários animais tinham grande importância religiosa, com base na crença de que eles se moviam entre os meios terrestre e divino.

Por exemplo, falcões eram associados ao deus do sol, Hórus (que possui cabeça de falcão), pois voavam mais alto no céu; já os gatos, que muito se sabe serem considerados sagrados para os egípcios, eram ligados à deusa Bastet (deusa-gata), uma figura maternal corajosa e protetora.

Vários animais foram mumificados no antigo Egito entre 750 a.C. e 250 d.C., servindo como oferendas e talismãs em referência a vários deuses. Por exemplo, os antigos egípcios viam frequentemente os íbis sagrados, uma ave de pernas longas e bico curvo, nas margens do rio Nilo, muitos dos quais foram mumificados como oferenda ao deus Thoth, da sabedoria e da escrita.

Já os crocodilos, outro animal muito mumificado, eram associados a Sobek, Senhor do Nilo e também o deus cuja presença significa a proximidade da enchente anual do rio Nilo, que forneceria água e lodo ricos em nutrientes para as áreas de cultivo. As múmias serviam como oferendas, e poderiam ser usados como talismãs para afastar o mal.

Vale mencionar que a maioria das múmias de crocodilos descobertas até hoje correspondem a animais pequenos, o que sugere que os egípcios detinham de formas de chocar e manter os filhotes de crocodilos até que eles pudessem servir para a mumificação. Alguns destes animais inclusive eram mimados como animais de culto, e deixados para morrer naturalmente.

Análise interna

Em 2016, a pesquisadora Lidija M. Mcknight, da Universidade de Manchester, recebeu no Royal Manchester Children's Hospital uma impressionante múmia de crocodilo da coleção do Birmingham Museum and Art Gallery, que media 2,23 metros de comprimento. E a partir de técnicas de tomografia computadorizada, a múmia pôde ser analisada internamente sem ser danificada.

Conforme descrito no estudo, foi apontado que o trato digestivo do animal ainda carregava várias pequenas pedras chamadas "gastrólitos", que frequentemente eram engolidas por crocodilos para ajudá-los na digestão de alimentos e na regulação da flutuabilidade dos corpos. Isso também permitiu concluir que os embalsamadores originais optaram por não eviscerar o animal, mantendo assim seus órgãos internos.

Além das pedras, os pesquisadores também encontraram um anzol de metal e um peixe dentro do crocodilo. Possivelmente o grande crocodilo foi capturado diretamente da natureza, com anzóis iscados com peixe. A conclusão, por sinal, condiz com o relato do historiador grego Heródoto, que viajou ao Egito no século 5 a.C. e chegou a escrever sobre espancamentos de porcos nas margens do Nilo para atrair crocodilos.

Foto de tomografia mostrando o anzol dentro do crocodilo / Crédito: Divulgação/Lidija McKnight

Por fim, em parceria com a Escola de Joalheria de Birmingham, foi replicado o gancho de bronze — o metal mais provável de ter sido usado na época — para exibi-lo ao lado do animal, no Birmingham Museum and Art Gallery, onde estão.