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Curiosidades / Tecnologia

O relógio cuco e a Revolução Industrial

Maravilha tecnológica medieval abriu caminho para grandes avanços

Maria Carolina Cristianini Publicado em 31/10/2018, às 12h00

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Na metade do século 18, diversas pequenas lojas de relógio já produziam o modelo - Getty Images
Na metade do século 18, diversas pequenas lojas de relógio já produziam o modelo - Getty Images

Por que criar apenas uma forma de medir o tempo se você pode acoplar a ela um pássaro robótico? Não se sabe se essa questão passou pela cabeça do engenheiro Ctesíbio de Alexandria, no século 3 a.C. Mas ele criou o antecessor do relógio cuco. Ou, ao menos, teve a primeira ideia para algo do tipo com sua clepsidra – relógio de água, parecido com uma ampulheta. Embora as primeiras clepsidras tenham, provavelmente, aparecido na Babilônia, por volta de 1500 a.C., algumas versões da máquina de Ctesíbio operavam alavancas e peças, como sinos e figuras de aves, por meio de fluxo constante de água.

Muito tempo se passou até que o relógio cuco voltasse a dar seus pios. Os relógios mecânicos surgiram no século 13, como modificações de relógios a água, usando pesos no lugar de baldes. Primeiro na forma grande, nas igrejas, mas logo também portáteis, usados em mosteiros. Do fim da Idade Média até a Revolução Industrial, eram os dispositivos mais complexos criados pelo ser humano. Alguns deles tinham autômatos, que passeavam para fora da igreja ao anunciar as horas.

Daí deve ter vindo a ideia do cuco. No século 17, Philipp Hainofer, um nobre de Augsburg, registrou a primeira descrição conhecida sobre um relógio cuco. O objeto teria pertencido a August von Sachsen, governante da Saxônia. Houve outros registros ainda no século 17, como o do estudioso e padre jesuíta Athanasius Kircher. Em seu manual de música Musurgia Universalis, de 1650, há um órgão mecânico com figuras autômatas, incluindo um pássaro cuco. A ave abria o bico e movia as duas asas e o rabo. Ao mesmo tempo, ouvia-se o som de cuco, produzido por dois tubos do órgão. Mas foi apenas em 1669 que o arquiteto italiano Domenico Martinelli sugeriu em seu livro Horologi Elementari (Relógios Elementares, em tradução livre) o uso do canto para marcar as horas.

Rapidamente os cucos conquistaram a região da Floresta Negra. Na metade do século 18, diversas pequenas lojas de relógio já produziam o modelo. Durante o inverno, quando havia mais tempo, a arte do cuco se aprimorava. Havia competição entre vizinhos para saber quem fazia a versão mais elegante. Logo, a novidade chegou a cidades maiores da Alemanha e ganhou o mundo.

A sofisticação mecânica dos relógios abriu caminho para a Revolução Industrial. Quando, em 1782, James Watt aprimorou imensamente o motor a vapor de 70 anos antes, por Thomas Newcomen, havia uma arte milenar de juntar engrenagens, polias e outras peças complexas para transformar o movimento de pistões numa ilimitada variedade de aplicações.

O que era só para ser uma bomba para tirar água de minas de carvão deu origem a um novo mundo. Que não seria possível sem o trabalho dos relojoeiros que criaram o cuco.