Os detidos nas prisões militares estadunidenses eram submetidos a torturas
Em 2003, iniciou-se a Guerra do Iraque. O conflito foi responsável pela morte de mais cem mil iraquianos, além de militares estadunidenses e britânicos, segundo o IBC (Iraq Body Count). Mas o Exército dos Estados Unidos ainda cometeu crimes encobertados em um lugar muito específico do país: na prisão de Abu Ghraib, Iraque.
Durante o período de intervenção norte-americana no local, os detidos sofreram com uma série de violações de direitos humanos. As torturas que eram realizadas no cárcere foram de abuso sexual até puro assassinato.
O local foi uma das maiores prisões usadas no governo de Saddam Hussein no país, chegando a abrigar aproximadamente 50 mil homens e mulheres. No período de invasão estadunidense, os militares passaram a usar a instalação como uma prisão militar, encarcerando por volta de 7.500 prisioneiros. Ela estava localizada a 32 km de Bagdá, capital do Iraque.
Em novembro daquele ano, a Associated Press fez um relatório explicitando a situação da detenção. As violações feitas pelos militares do exército estadunidense eram estupros, abusos físicos, sodomia, entre outras torturas. Mas o público só soube da gravidade dessas ações com as fotografias publicadas pela CBS News, em abril de 2004.
Na época, o presidente dos Estados Unidos chegou a afirmar que os crimes eram atos isolados, não fazendo parte da política o país no geral. Alguns dos militares envolvidos em Abu Ghraib foram condenados e presos em cadeias do exército.
Mas o Comitê Internacional da Cruz, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch contestaram essa declaração. As organizações alegam que o tratamento dado aos detentos da prisão iraquiana não era uma situação específica. Segundo elas, a brutalidade acontecia em outros lugares além do Iraque, como no Afeganistão e Baía de Guantánamo, em Cuba.
A Cruz Vermelha também fez relatórios denunciando o caso. Isso fez com que o major-general Antonio Taguba começasse uma investigação sobre a prisão. A apuração ficou conhecida como Relatório Taguba.
"Numerosos incidentes de abusos criminais sádicos, flagrantes e arbitrários foram infligidos a vários detidos. Esse abuso sistêmico e ilegal de detidos foi intencionalmente perpetrado por vários membros da força de guarda da polícia militar”, escreveu o militar.
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