O caso voltou a ganhar destaque na imprensa após o lançamento da minissérie ‘Elize Matsunaga: Era uma vez um crime’ na Netflix
Nas últimas semanas o assassinato do empresário Marcos Matsunaga voltou a repercutir na imprensa após o lançamento da minissérie documental ‘Elize Matsunaga: Era uma vez um crime’, exibida na Netflix.
Dirigida porEliza Capai, a produção nacional foi dividida em quatro episódios de 50 minutos cada e encontra-se no Top 10 da plataforma de streaming. A trama apresenta diferentes visões sobre o crime que escandalizou a sociedade brasileira em 2012.
Com mais de 20 entrevistas, entre elas de familiares, conhecidos, advogados, jornalistas, especialistas criminais e da própria Elize Matsunaga, a minissérie apresenta, ainda, revelações surpreendentes sobre o caso da esposa que matou o marido.
Elize e Marcos Matsunagase conheceram quando a técnica em enfermagem trabalhava como garota de programa para pagar os estudos, conforme ela revelou na série ‘Elize Matsunaga: Era uma vez um crime’.
O empresário, na época, era um de seus clientes, mas logo se apaixonou pela jovem. Da paixão avassaladora veio o casamento, mas logo o conto de fadas transformou-se em um pesadelo. As traições de Marcos afligiam a esposa, que chegou a cogitar o divórcio, mas desistiu depois de descobrir que estava grávida. O marido, por sua vez, prometeu não traí-la mais — mas não foi o que aconteceu.
Após o nascimento da filha do casal, a técnica em enfermagem suspeitava que o companheiro tivesse uma amante. Portanto, conforme contou na produção da Netflix, ela decidiu contratar um detetive particular.
Segundo o site JusBrasil, no dia 17 de maio de 2012, o empresário jantou em um restaurante de luxo com uma acompanhante. Elize, por sua vez, revelou que recebeu imagens do detetive particular, em que mostravam o então marido acompanhado de uma garota de programa, no mesmo restaurante que ela teria lhe apresentado.
Já no dia 19 de maio de 2012, a esposa o confrontou, motivo que teria gerado uma grande discussão — inclusive ela teria sido agredida por ele. Naquela mesma noite, Marcos teria saído por alguns minutos para buscar uma pizza. Contudo, ao voltar para a cobertura foi surpreendido por um tiro disparado por Elize.
Em entrevista à Netflix, a acusada revelou que não sabia o que fazer com o corpo e que naquele momento só pensava que seria separada de sua filha. Portanto, para ocultar as provas do crime, ela decidiu esquartejar e colocar os restos mortais em malas.
Eu ainda não sei dizer que tipo de emoção que fez eu apertar aquele gatilho”, disse Elize Matsunaga no primeiro episódio. “Eu estava sentindo tanta coisa ali. Eu estava sentindo raiva dele, eu estava sentindo medo, eu estava sentindo alívio de eu não estar louca”.
Na manhã seguinte após o crime, a assassina tirou o corpo do apartamento e abandonou em uma rodovia localizada em Cotia (SP), conforme noticiou o JusBrasil.
Os restos mortais da vítima só foram encontrados dias depois e logo o caso viralizou na mídia, dando início a uma das maiores coberturas da imprensa policial no Brasil.
Um quebra-cabeça macabro. Pedaços de uma vida deixados em estradas de terra de Cotia, na grande São Paulo, formando um grande mistério”, disse o repórter Lucas Martins, em 2012, no programa Brasil Urgente, apresentado por José Luiz Datena.
Segundo a série documental, as investigações foram alvejadas pelas equipes de reportagem após as autoridades confirmarem que o corpo esquartejado pertencia a Marcos Matsunaga.
Em todos os crimes existe um núcleo de personagens importantes. O criminoso e a vítima, mas também os investigadores e testemunhas. No julgamento, vemos a acusação, a defesa e o juiz. No caso Matsunaga existe um outro personagem tão importante quanto: a imprensa", revelou a jornalista Paula Scarpin, que publicou na revista Piauí uma grande reportagem sobre o crime.
Conforme as investigações, Elize Matsunaga foi apontada como a autora do crime, após confessar ter atirado e esquartejado o marido. Em 2016, foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão. Sua confissão, assim como os detalhes da morte, foram exibidos em alguns trechos da série documental disponível na Netflix.
No entanto, durante o julgamento, a vida íntima da acusada foi exposta de maneira pejorativa pela acusação, conforme foi apontado na produção da série.
Até que ponto era importante expor as fotos da Elize como garota de programa? Até que ponto era jornalisticamente importante chamá-la de uma mulher fatal, como fez uma revista de circulação nacional?”, disse Thaís Nunes, jornalista investigativa responsável pela idealização do projeto.
Embora a acusação tenha acreditado que ela teve ajuda para executar o crime, nada nunca foi comprovado nem assumido por ela. Contudo, Elize disse à Netflix que talvez a história tivesse sido diferente caso não existissem tantas armas dentro do apartamento.
Acho muito importante quando a Elize diz que ter arma não é bom. É muito poderoso. Fico me perguntando: será que essa série existiria se não houvesse arma naquela casa? Será que eles não teriam apenas discutido ou até mesmo tido uma briga física e se separado?”, questionou a diretora Eliza Capai.
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