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Curiosidades / Curiosidades

O passado desconhecido do ator que quase morreu duas vezes na Segunda Guerra

Conhecido principalmente pela carreira como ator, Christopher Lee atuou nas Forças Especiais durante a Segunda Guerra e viveu diversos horrores

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 07/10/2024, às 10h00

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Christopher Lee em 2012 e no filme 'O Vampiro da Noite' (1958) - Getty Images
Christopher Lee em 2012 e no filme 'O Vampiro da Noite' (1958) - Getty Images

Uma das maiores lendas do cinema, Sir Christopher Frank Carandini Lee, mais conhecido apenas por Christopher Lee, foi um ator e cantor inglês conhecido principalmente por filmes como 'O Senhor dos Anéis' e 'O Vampiro da Noite' (1958). Porém, em seus 93 anos de vida — ele faleceu em junho de 2015 —, a carreira cinematográfica não foi a única que marcou sua vida.

Nascido em 27 de maio de 1922 em Londres, na Inglaterra, Lee era filho de uma ex-modelo da Chanel, Estelle Marie Carandini di Sarzano, e de um coronel do exército britânico, Geoffrey Trollope Lee. Em seus primeiros anos de vida, ele recebeu educação particular e, aos 18 anos, ingressou na Força Aérea Real em 1940 — ou seja, em meio à Segunda Guerra Mundial.

Durante sua carreira militar, Lee possivelmente se tornou uma figura notória, falando várias línguas, sendo soldado do SAS (Special Air Service, uma força especial do Exército Britânico), quase morrendo duas vezes e presenciando os mais diversos horrores da época.

Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, eu tinha 23 anos e já tinha visto horror suficiente para durar uma vida inteira", disse o ator anteriormente, conforme repercutido pelo Independent.

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Christopher Lee / Crédito: Getty Images

Forças Especiais

Ainda segundo o Independent, antes mesmo de a Grã-Bretanha entrar na Segunda Guerra, o jovem Lee já havia trabalhado com os finlandeses na Guerra de Inverno contra os russos, como um voluntário, em 1939. Após dois anos na luta contra os nazistas, Lee foi designado para o Grupo de Longo Alcance do Deserto (LRDG, na sigla em inglês) — precursor do Serviço Aéreo Especial (SAS), no Norte da África, a partir de 1941.

Nesse período, ele teria se movido para trás das linhas inimigas com os aviões, destruindo aeronaves inimigas e campos da Luftwaffe, a Força Aérea Alemã. Após conquistar grande destaque em suas operações, foi chamado para servir em um regimento Gurkha — soldados aliados dos britânicos, nativos do subcontinente indiano —, e até mesmo chamado para alguns serviços do SAS.

"Eu fui designado para o SAS de tempos em tempos, mas somos proibidos — antigos, presentes ou futuros — de discutir quaisquer operações específicas. Digamos que eu estava nas Forças Especiais e deixemos por isso mesmo. As pessoas podem ler nisso o que quiserem", disse ele Christopher Lee em 2011 ao Telegraph.

Christopher Lee em 1944, durante a Segunda Guerra, e em 'O Senhor dos Anéis' / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons / Reprodução/New Line Cinema

Horrores da guerra

Após trabalhar com o LRDG, devido às suas habilidades linguísticas — ele já sabia falar oito idiomas, incluindo grego e russo — e à impressão favorável que causava em seus superiores, Christopher Lee foi designado para o Executivo de Operações Especiais, conduzindo reconhecimento na Europa ocupada pelos nazistas, e rastreando pessoalmente suspeitos de crimes das forças inimigas.

Recebemos dossiês sobre o que eles fizeram e fomos instruídos a encontrá-los, interrogá-los o máximo que pudéssemos e entregá-los à autoridade competente", relatou o ator ao Telegraph.

Foi durante esse período, inclusive, que Leequase morreu duas vezes, mas também ficou reconhecido por apelidos como Duque ou Espião. Além disso, também foi um dos que testemunhou em primeira mão as consequências devastadoras e os horrores dos campos de concentração, alguns que já haviam sido limpos, e outros que infelizmente ainda não.

Por mais que, em sua vida pós-guerra, Lee falasse raramente sobre suas experiências no conflito, no fim de sua vida ele descreveu esse período como sendo repleto de "verdadeiro horror e sangue". "Eu vi coisas horríveis, horríveis, sem dizer uma palavra", disse ele em 2009 ao The Times. Por isso, inclusive, o terror no cinema nunca o afetou muito.

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"Eu vi muitos homens morrerem bem na minha frente — tantos, na verdade, que eu fiquei quase insensível a isso. Tendo visto o pior que os seres humanos podem fazer uns aos outros, os resultados da tortura, mutilação e ver alguém explodido em pedaços por uma bomba, você desenvolve uma espécie de concha. Mas você tinha que fazer isso. Você tinha que fazer isso. Caso contrário, nunca teríamos vencido", relatou.