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Curiosidades / Nosferatu

Nosferatu: 5 coisas para saber antes de assistir ao remake

Antes da estreia do remake, conheça o Nosferatu clássico de 1922 e detalhes sobre a rica musicalidade por trás do filme mudo

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 07/12/2024, às 12h00 - Atualizado em 09/12/2024, às 20h41

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Cena do filme Nosferatu (1922) e do remake (2024) - Divulgação / Prana Film e Divulgação
Cena do filme Nosferatu (1922) e do remake (2024) - Divulgação / Prana Film e Divulgação

Dirigido por Friedrich Wilhelm Murnau, 'Nosferatu' estreou, originalmente, em 1922, se tornando um dos primeiros representantes do gênero do terror no cinema. Adaptação do clássico Drácula, de Bram Stocker, o longa mudo é dividido em cinco atos. 

A história sombria acompanha a saga do conde Orlok, um vampiro que vive nos Montes Cárpatos e que acaba se apaixonando por uma mulher chamada Ellen. Assim, Nosferatu decide levar o terror para a cidade da amada. 

+ Conheça Nosferatu, o primeiro filme de vampiro que foi banido

Em 1979, Nosferatu ganhou uma refilmagem: 'Nosferatu - Phantom der Nacht', dirigida por Werner Herzog. Pouco mais de um século depois, o longa volta aos cinemas com o remake de Robert Eggers. Nosferatu estreia nos cinemas brasileiros em 2 de janeiro. Com isso em mente, conheça detalhes do filme que entrou para a História!

1. Musicalidade

Embora seja um filme do cinema mudo, Nosferatu se destaca por sua… musicalidade?! Pode parecer contraditório, mas a relação é notada logo no subtítulo da trama: 'Symphony of Horror' ('Sinfonia do Terror'). 

Conforme repercute matéria do El País, Edgar G. Ulmer, que trabalhou como cenógrafo de Murnau, apontou que durante as gravações do longa, o diretor sempre carregava um metrônomo em sua mão. O dispositivo produz um batimento constante para ajudar os músicos a tocar no tempo correto. 

Apesar de ser um filme mudo, Nosferatu se destacou por sua paisagem sonora. Vale ressaltar que, como já dito, a produção foi uma adaptação de Drácula. No entanto, os herdeiros do autor processaram o diretor por violação de direitos autorais. 

2. Cópias destruídas

Por semelhanças com 'Drácula', o filme foi processado e, em 1925, a Justiça determinou que as cópias do filme fossem destruídas. Por sorte, algumas delas foram guardadas e, mais tarde, restauradas — trazendo de volta um pouco da paisagem sonora perdida do filme; que também foi resgatada a partir de crônicas da época, em livros dedicados à obra ou até mesmo do diário de pessoas ligadas ao filme. 

Cena de Nosferatu - Reprodução

3. Bastidores

Outro ponto a ser considerado é que, apesar do filme ser mudo, obviamente durante as filmagens as pessoas falavam. E mesmo Nosferatu sendo um longa de terror, os bastidores eram de risadas, conforme aponta Robert Herlth, cenógrafo das primeiras produções de Murnau, em seu livro de memórias.

As pessoas estavam felizes. Ele [Murnau] não parecia bravo mesmo quando estava muito bravo", aponta, conforme resgata o El País. 

Além disso, o set de gravações de Nosferatu também tinha uma infinidade de sons considerados 'menos agradáveis'. Exemplo disso era o som emitido pelo roçar e roer dos 50 ratos comprados pela equipe de produção — usados para encher o porão do navio em que o vampiro chega à cidade. 

Apesar da embarcação Jurgen (nome dado em referência ao trem dos irmãos Lumière) aparecer de forma melancólica e muda na tela, o artista alemão Walter Spies, amigo de Murnau e presente em muitas filmagens, garante que o navio fazia um barulho "estrondoso" ao entrar no porto de Wismar para as filmagens. 

"Foi a primeira vez na história do cinema mudo que se ouviu o silêncio, a morte de todo som. Nenhum filme de terror subsequente superou o horror daquela primeira imagem", descreve o crítico alemão Andres Kilb em seu artigo publicado no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

4. Cenário de horror

Em Nosferatu até mesmo os cenários, que não fazem barulho, ajudam a criar toda a composição musical da obra. Em 'Vampire God: The Allure of the Undead in Western Culture', a autora Mary Hallab relembra que vampiros e natureza se tornaram praticamente sinônimos; com a figura da criatura mítica representando a doença, a peste ou a própria morte. Assim, acabar com ele seria uma forma também de eliminar todas essas adversidades. 

No filme, Murnau trata Nosferatu como a peste que se aproxima da cidade, só que com uma diferença: ele não usa cenários escuros e tenebrosos, mas sim locais brilhantes. Mostrando que sua história pode acontecer também no mundo real. Quem sabe?

Para isso, as gravações aconteceram, entre outros pontos, nas florestas de Lübeck; na cidade de Wismar; nas montanhas Tatra; e também no Castelo Oravsky Podzamok em Dolny Kubin (onde hoje é a Eslováquia). 

5. Imagens de fundo

As imagens de fundo também apresentavam muito movimento: seja pelos galhos que balançavam com o vento; as nuvens indo e vindo pelo castelo; a brisa agitando o cabelo dos personagens… Murnau fazia música a partir de imagens. 

Cena de Nosferatu - Reprodução

A característica foi observada pela crítica Jo Leslie Collier em 'From Wagner to Murnau', apontando que o diretor alemão usou a ópera The Flying Dutchman durante as filmagens de Nosferatu. 

Ele se esforçou, como seus predecessores no teatro, para criar com imagens um equivalente à música, usando o movimento dos atores e objetos dentro da tomada para marcar o ritmo".

Os sinos também ajudam nisso. Afinal, em todo enclave urbano de Nosferatu existe uma igreja gótica que não pode ser ouvida, mas seus sinos são vistos se movimentando — o que marca o ritmo tanto da trama quanto dos atores. 

"[Nosferatu é] uma sinfonia criada com a harmonia dos corpos e o ritmo do espaço", escreve Collier

Por fim, conforme aponta o El País, o próprio diretor expressou essa vontade ao descrever a encenação do filme como "uma tentativa de transmitir acordes tonais no espaço".