Sucesso na Netflix, a segunda temporada da antologia "Monstro" revive o controverso caso dos irmãos Menendez, nos Estados Unidos
Uma das séries mais assistidas na plataforma de streaming Netflix, a segunda temporada da antologia "Monstro" chama atenção dos brasileiros ao retratar o infame caso dos irmãos Menendez.
Em 1989, eles assassinaram os próprios pais na mansão da família, localizada em Beverly Hills, Los Angeles, nos Estados Unidos. Misturando fato e ficção, a produção apresenta os dois lados do caso.
Enquanto a acusação afirmava que Lyle e Erik Menendez mataram os pais visando a fortuna da família, a defesa alegou que eles, na realidade, cometeram o crime num desesperado ato de autodefesa, após anos de abuso físico e sexual dos próprios pais.
Ainda que apresente a investigação, prisões e condenações dos Menendez, a série deixa de fora um detalhe usado recentemente como evidência pelos advogados dos irmãos, Mark Geragos e Cliff Gardner.
Oito meses antes do crime, Erik Menendez enviou uma carta em tom de desabafo ao primo, Andy Cano, no qual relata os abusos cometidos pelo pai, José.
"Eu tenho tentado evitar o papai. Isso ainda acontece, Andy, mas é pior para mim agora. Não consigo explicar. Ele está tão acima do peso que não suporto vê-lo. Eu nunca sei. Quando isso vai acontecer e está me deixando louca. Toda noite, fico acordada pensando que ele pode vir", escreveu o caçula de José e Kitty Menendez em 1988. "Preciso tirar isso da minha mente. Eu sei o que você disse antes, mas estou com medo. Você simplesmente não conhece o papai como eu. Ele é louco! Ele me avisou cem vezes sobre contar a alguém, especialmente a Lyle. Eu sou uma covarde séria? Não sei se vou conseguir superar isso. Eu consigo lidar com isso, Andy. Preciso parar de pensar nisso".
A carta é uma das evidências que motivaram a defesa a protocolar um mandado de habeas corpus no Tribunal Superior de Los Angeles no ano passado. A ideia é que um novo julgamento seja considerado para Lyle e Erik.
Descoberta recentemente, a correspondência escrita por Erik faria diferença nos julgamentos que ocorreram há mais de 20 anos.
"O crime foi homicídio culposo, não assassinato", afirmou o advogado Cliff Gardner à LA Mag no ano passado. "Essa tem sido a posição da defesa desde o primeiro dia, não que eles devam sair impunes, mas que sua punição deve ser proporcional ao que fizeram. Essas eram crianças que foram abusadas sexualmente a vida inteira".
Os advogados dos Menendez também evidenciaram a recente alegação feita pelo ex-Menudo Roy Rosselló Diaz. No documentário "Menendez + Menudo: Boys Betrayed", o artista afirmouque foi molestado pelo pai dos rapazes quando ainda era adolescente.
"Esse aqui é o homem", afirmou Roy ao apontar para uma imagem de José com o grupo Menudo. "Esse cara… esse é o pedófilo".
