O economista não se limitou a fazer profecias macabras (que, a propósito, acabaram não se realizando). Propôs soluções e foi ouvido
O economista inglês Thomas Malthus (1766-1834) escreveu que, sempre que houvesse um suprimento de alimentos adequado, a população explodiria até que a comida se tornasse insuficiente, voltando então ao equilíbrio por meio de fome, doenças e guerra. Mas não se limitou a fazer profecias macabras (que, a propósito, acabaram não se realizando). Propôs soluções e foi ouvido.
Pastor anglicano, Malthus se opunha aos métodos anticoncepcionais e sugeria o casamento tardio e uma rígida moral sexual.
"Crescei e multiplicai-vos. Nós não temos direito de contestar a justiça dessa ordem, mas nossa forma irracional de executá-la", escreveu. Outra sugestão era acabar com a ajuda aos pobres, pois isso dava a eles o conforto que levava à produção de... mais pobres.
Suas sugestões foram seguidas à risca. As Leis dos Grãos de 1815, que taxavam importação de alimentos na Inglaterra, usaram o argumento de que pão barato gera pobreza. As leis só foram abolidas em 1846, durante a Grande Fome da Irlanda, que ajudaram a causar — sem trigo, os irlandeses dependiam da batata, atingida por uma praga.
Em 1834, ano da morte de Malthus, foi aprovada uma nova Lei dos Pobres, que proibia o auxílio aos indigentes. Em vez disso, eles deveriam ser levados a casas de trabalho, instituições que a própria lei previa que deveriam ser horríveis, para não incentivar a vadiagem — eram praticamente campos de concentração, onde as famílias eram separadas e o trabalho, extenuante.