Algumas roupas do período poderiam ser fatais para a sociedade, como envenenamento
Enquanto nós, da atualidade, estamos no máximo preocupados se nossa roupa pode matar a nossa chance com aquela pessoa, na Era Vitoriana, existia a real possibilidade de que uma roupa pudesse matar você. Alguns utensílios e materiais podiam ser muito baratos na hora da compra, mas podiam custar muito caro depois.
No livro Vítimas da Moda: Os Perigos de Vestir o Passado e o Presente, a professora da Universidade Ryerson de Toronto, Alison Matthews David, descreveu os muitos componentes tóxicos, inflamáveis e de alto risco que poderiam matar as pessoas.
Confira os 5 piores jeitos de morrer.
1. Corantes venenosos
Em 1770, o químico Carl Wilhelm Scheele inventou um pigmento verde baseado em potássio, arsênio e vitríolo de cobre, solucionando um problema antigo de coloração do verde nas roupas. A tintura ficou conhecida como Scheele’s Green, que gerou grande sensação nos centros urbanos. No entanto, a disseminação do pigmento causou inúmeras feridas e danificação de tecidos corporais, além de náuseas, diarreias e dores de cabeça.
Muitos consumidores de roupas tiveram problemas de saúde, entretanto, os mais afetados eram os trabalhadores têxteis e outros envolvidos no processo de pigmentação do tecido. Já que o arsênio é uma substância bastante tóxica, que infecta o corpo paliativamente.
2. Pestes nas roupas
Um problema generalizado da Era Vitoriana era a infestação de pulgas, piolhos e outros parasitas vetores de doença como tifo. Nas guerras, soldados recebiam uniformes cheios de parasitas. Até mesmo os ricos, que mandavam suas roupas para lavar, sofriam com infestações dessas criaturas, que impregnavam nas roupas durante o processo de lavagem.
O autor conta que até mesmo membros das oligarquias políticas eram afetados, como a filha de Sir Robert Peel, que morreu depois contrair tifo ao utilizar uma roupa infestada de parasitas que havia sido mandada para costura.
As longas saias da época também colaboraram com essas infestações. Isso porque eram arrastadas pelas ruas, varrendo lama e lixo espalhado pela cidade. Os mais pobres, que usavam roupas piores, sofriam epidemias de varíola e outras doenças que se espalhavam com a presença de tecidos lavados incorretamente.
3. Tecidos inflamáveis
O algodão branco esvoaçante, tão popular no final do século 18 e 19, tinha um problema peculiar: ele era mais inflamável do que sedas e lãs pesadas. Em 1809, John Heathcoat pateteou a máquina que fazia a primeira almofada com rendas, que atualmente é conhecida como o tule. O único porém, é que ela podia pegar fogo instantaneamente.
O tule era frequentemente coberto e endurecido com camadas de amido, altamente combustível. Como consequência, as bailarinas sofriam um risco em potencial. Em 1844, a britânica Clara Webster morreu quando seu vestido pegou fogo no teatro Drury Lane, em Londres, a sua saia havia chegado muito perto das luzes do palco.
4. Paralisia por chumbo em cosméticos
Durante a era vitoriana, o chumbo estava na mira da moda feminina porque criava uma brancura uniforme e opaca. Um dos cosméticos mais populares por utilizar o material em sua composição foi o Bloom of Youth, da Laird.
Em 1869, um dos fundadores da American Medical Association tratou três jovens mulheres que perderam temporariamente o movimento total das mãos e pulsos depois que usaram o medicamento. O médico descreveu a condição como paralisia do chumbo, que hoje chamamos de paralisia de nervo radial, que pode ser causada por envenenamento por chumbo.
5. Envenenamento por mercúrio
Nenhum visual masculino da classe alta vitoriana estaria completo sem o chapéu. No entanto, muitos deles eram fabricados com mercúrio. “Embora seus efeitos nocivos fossem conhecidos, essa era a maneira mais barata e eficiente de transformar couro duro em peças maleáveis”, explica David.
O metal líquido pode entrar rapidamente no corpo através da pele ou pelo ar e ocasionar efeitos horríveis à saúde. Os chapeleiros sofriam fortes convulsões, cólicas abdominais, tremores, paralisia e até problemas reprodutivos.