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Curiosidades / Arqueologia

Entenda o mistério em torno do caixão de chumbo encontrado na Catedral de Notre Dame

Em 2022, escavações na Catedral de Notre-Dame, em Paris, revelaram um sarcófago de chumbo que pode solucionar mistério de três séculos

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 01/10/2024, às 13h00

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Sarcófago descoberto na Catedral de Notre-Dame - Divulgação/Inrap/Denis Gliksman
Sarcófago descoberto na Catedral de Notre-Dame - Divulgação/Inrap/Denis Gliksman

Em 2019, o mundo voltou sua atenção para uma tragédia imensurável para a história e a arte: a Catedral de Notre-Dame, em Paris, na França, foi parcialmente destruída após um incêndio. Desde então, ela segue em reforma, e espera-se que até o fim deste ano ela esteja finalizada e pronta para voltar a receber visitantes.

Desde o incêndio, uma série de escavações vêm sendo realizadas no local e, em 2022, uma campanha de escavação liderada pelo Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP) em Notre-Dame surpreendeu ao revelar dois sarcófagos de chumbo bastante antigos e, até então, desconhecidos.

Catedral de Notre-Dame sendo restaurada / Crédito: Getty Images

O corpo encontrado dentro do primeiro deles foi facilmente identificado, visto que seu epitáfio o apontava como sendo o Cônego Antoine de La Porte, um importante benfeitor da catedral que morreu em 1710, segundo o International La Croix. O segundo, porém, seguiu como um mistério por mais algum tempo.

Investigação

Quando o segundo indivíduo foi analisado de maneira mais próxima, os pesquisadores determinaram que ele era um homem que morreu entre os 20 e 30 anos, e que, por conta da estrutura de seu fêmur, era possível afirmar que ele andava a cavalo desde muito jovem. Por isso, inclusive, ficou apelidado como "o cavaleiro".

Com apenas essas informações, permaneceria impossível determinar a identidade daquele homem. Porém, após uma autópsia do Instituto Forense do Hospital Universitário de Toulouse, foi apontado que aquele indivíduo sofria de duas condições bastante raras para a época: tuberculose óssea e meningite crônica.

Foi a partir desses dados que professor de antropologia biológica na Universidade de Toulouse e diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, Éric Crubézy, apresentou uma hipótese que faria com que aquele esqueleto solucionasse um mistério de três séculos: aquele poderia ser o grande poeta francês Joachim du Bellay.

Ele atende a todos os critérios do retrato: ele é um cavaleiro talentoso, sofre de ambas as condições mencionadas em alguns de seus poemas, como em The Complaint of the Despairing, onde ele descreve 'esta tempestade que turva (sua) mente', e sua família pertencia à corte real e à comitiva próxima do papa", explica o pesquisador em comunicado.

Vale mencionar que já era uma informação conhecida que Joachim du Bellay teria sido enterrado em Notre-Dame, na capela de Saint-Crépin, perto de seu tio, que era bispo lá. Porém, o túmulo nunca foi encontrado.

Pesquisadores do Hospital Universitário de Toulouse examinando o sarcófago / Crédito: Divulgação/Inrap/Denis Gliksman

Incertezas

Apesar dos indícios, o arqueólogo e líder de escavações Christophe Besnier, do INRAP, reforça em comunicado que ainda existem dúvidas sobre a identidade deste segundo esqueleto:

Certos elementos não sustentam essa hipótese: a análise isotópica dos dentes indica que o indivíduo viveu na região de Paris ou Rhône-Alpes até os 10 anos de idade. No entanto, sabemos que Joachim du Bellay cresceu em Anjou. Além disso, só porque seu túmulo não foi encontrado durante as escavações de 1758 da capela de Saint-Crépin não significa que seus restos mortais não estavam lá", explica.

Porém, mais estudos ainda devem ser realizados sobre aquele indivíduo, inclusive para tentar determinar a idade exata em que faleceu. Porém, sem um DNA comparativo, a identificação formal será, infelizmente, impossível.