Elza Soares, que faleceu nesta quinta-feira, 20, relembrou o momento de pânico durante a ditadura em entrevista de 2018.
O Brasil recebeu uma triste notícia nesta quinta-feira, 20. Aos 91 anos, faleceu artista Elza Soares. Segundo comunicado divulgado nas redes sociais da artista, a cantora morreu de causas naturais.
“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais", diz o comunicado divulgado.
Consagrada como uma das maiores vozes do Brasil, Elza Soares encantou gerações. Contudo, antes do glamour dos palcos, a artista viveu momentos turbulentos em sua vida íntima. Além da fome na infância e o casamento conturbado com Garrincha, Elza também vivenciou os horrores da ditadura militar brasileira.
Durante entrevista ao Programa do Porchat em 2018, a cantora relembrou um episódio insólito vivido durante os anos de repressão no Brasil. Acontece que Elza, que era casada com Garrincha na época, viu sua casa ser metralhada no Rio de Janeiro.
Ao escutar os disparos, ela e o craque ficaram apavorados, e iante do momento de perseguição e morte no país, a cantora e Garrincha optaram por sair do Brasil, partindo para a Itália.
“Nós estávamos dentro da casa (na hora do ataque). Eu morava no Jardim Botânico e brincava com as crianças na rua. Depois, entramos e começamos a ouvir um barulho de tiroteio”, disse a artista na época da entrevista.
Minha casa foi toda baleada. Fiquei completamente apavorada por causa dos filhos, das crianças. Eu tinha um piano na sala e o piano foi aberto no meio (sic)”, finalizou Elza.
No momento em que se deparou com o relato de Soares, Fábio Porchat perguntou o que a cantora falaria para os brasileiros que pedem a volta da intervenção militar. Elza foi direta na resposta.
“Passei por tudo isso e acho que a gente tem que ter muito medo. Medo não, coragem. Porque tudo passa”, disse ela.
No momento, ela também relembrou a icônica canção de Cazuza: “Eu ouço o Cazuza... ‘Eu vejo o futuro repetir o passado’. Nada mudou, né?”.