Uma produção do final da década de 1960 recebeu autorização para filmar de perto a família de Elizabeth II, mas o resultado desagradou os membros da corte
Apesar dos esforços de tentar humanizar a família real britânica, os membros da corte de Elizabeth II estão inegavelmente distantes do público — os meros plebeus. Ainda com inúmeras tentativas de mostrar episódios íntimos do reinado da monarca que já está há mais de seis décadas no poder, a curiosidade de saber, de fato, como vive a monarquia mais popular da atualidade está mais viva do que nunca.
Muito além dos pronunciamentos, eventos oficiais, cartões comemorativos e fotos dos pequenos bisnetos de Lilibeth, desde sempre a mídia teve um interesse profundo nos bastidores da corte. Até por isso, a série original da plataforma de streaming Netflix, The Crown, faz tanto sucesso.
Prometendo abordar os casamentos, relações familiares e polêmicas obscuras, a produção conta com quatro temporadas que viaja por décadas diferentes da monarquia britânica; da coroação de Elizabeth a intensa saga da princesa Diana que culminou em sua morte.
No entanto, muito diferente de The Crown, vista por milhões de pessoas, existe um documentário proibido que, há décadas, tentou mostrar a família real por trás de toda aquela fantasia, diplomacia e regras rígidas.
Família Real – o documentário banido
O projeto, intitulado Família Real, foi realizado por Richard Cawston no ano de 1969. A obra, transmitida pela BBC, teve uma grande repercussão entre a população, tanto inglesa quando mundial. O sucesso foi tão estrondoso que causou uma sensação reversa na corte real, que passou a ficar incomodada ao ponto de impedir que o filme continuasse a circular.
Estatísticas da época, publicadas também pela BBC, revelaram que durante a transmissão, cerca de 30 milhões de pessoas — só no Reino Unido — assistiram ao documentário de duas horas. Em um parâmetro mundial, a audiência chegou a alcançar 350 milhões de telespectadores.
Durante um ano, a equipe de Cawston acompanhou a rotina da corte de Elizabeth, aquela foi a primeira vez que um grupo conseguiu autorização para gravar com exclusividade a intimidade do Palácio de Buckingham.
Com cenas que incluíam Philip, o Duque de Edimburgo, e os filhos aproveitando um churrasco no Castelo de Balmoral; uma viagem à América do Sul; um almoço com Richard Nixon; e, ainda, o príncipe Charles em um passeio de esqui. Era a chance de o grande público ver a realidade dentro do palácio que tanto imaginavam.
No entanto, tal proximidade com a rainha, seus filhos, maridos e qualquer pessoa de alta classe que passasse por lá, começou a ser vista com outros olhos quando a produção estreou. Se, de início, a ideia parecia primorosa, após ver todo o conteúdo que havia sido gravado, momentos controversos que poderiam manchar a reputação tão estimada da monarquia britânica se mostraram um verdadeiro perigo.
Vista com certa distância da população europeia, a tentativa de estabelecer uma conexão real com os indivíduos comuns deu errado. Em uma das mais polêmicas cenas, Elizabeth II compara um embaixador americano (não identificado) a um gorila: “Havia um gorila. Eu fiquei incomodada... ele tinha corpo curto, braços longos”, teria afirmado a monarca para a agência PA Media.
Inclusive, a única filha mulher de Lilibeth, a princesa Anne, falou anos mais tarde que não aprovava o documentário: “A atenção que se recebia desde que se era criança, você simplesmente não queria mais. A última coisa que você precisava era de maior acesso”, falou ela à agência PA. “Nunca gostei da ideia do filme da família real. Sempre achei que era uma ideia péssima”.
Censura?
O debate em torno da produção notória ressurgiu entre o público no final do mês de janeiro, quando 52 anos depois, o documentário ‘Família Real’ apareceu surpreendentemente no YouTube. No canal de Philip Strangeways, o filme foi visto por cerca de 10 mil pessoas antes de, novamente, ser retirado do ar.
Desta vez, a explicação foi uma violação nos direitos autorais das imagens; ninguém mais comentou sobre o sumiço do vídeo, nem mesmo a BBC. A rara gravação ficou quase uma semana no ar, o que foi suficiente para ficar nos assuntos mais falados entre especialistas e amantes da família real.
Após o desaparecimento repentino da obra, a revista Times publicou que “a rainha se arrependeu de dar à BBC acesso aos bastidores do filme de 1969 e solicitou que ele nunca fosse transmitido novamente”. A explicação parece ser verídica, já que o impetuoso poder de Elizabeth permitiu que ela evitasse, pela segunda vez, que sua família fosse alvo de críticas assíduas, algo extremamente arriscado em plena era do cancelamento.
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