Ao longo da História, muitos escritores de ficção conseguiram antever eventos e inovações que pareciam distantes de sua realidade
As obras de ficção científica nos convidam a imaginar futuros distantes e, frequentemente, distópicos. No entanto, o que muitos não esperavam é que, ao longo do tempo, algumas dessas visões se tornassem realidade.
Autores de diferentes épocas parecem ter antecipado acontecimentos e inovações que, mais tarde, seriam concretizadas, algumas até décadas ou séculos depois de suas publicações.
Confira, a seguir, sete exemplos de ficção científica que impressionam pela precisão de suas previsões.
Publicado em 1914, o livro "Mundo Libertado", de H.G. Wells, não apenas previu a existência de armas nucleares, como também descreve uma bomba parecida com uma granada de urânio — uma versão de uma bomba comum, mas com radiação. A ciência por trás dessa ideia estava cerca de três décadas à frente de seu tempo.
Segundo o site Huffpost, Leo Szilárd, físico responsável por dividir o átomo, leu o livro no mesmo ano da descoberta do nêutron, essencial para a reação em cadeia nuclear.
Na obra, o autor escreve: "Certamente parece agora que nada poderia ter sido mais óbvio para as pessoas do início do século XX do que a rapidez com que a guerra estava se tornando impossível. E certamente eles não a viram. Eles não a viram até que as bombas atômicas explodiram em suas mãos desajeitadas..."
Embora não tenhamos chegado a criar bombas como as descritas por Wells — que, ao serem detonadas, causariam uma "explosão contínua e intensa" — a ficção do autor antecipou de maneira inquietante o poder devastador das armas nucleares.
Em "Fahrenheit 451", o clássico de Ray Bradbury, o autor descreve um dispositivo tecnológico que, atualmente, se tornou essencial para muitos de nós: os fones de ouvido.
A obra é uma crítica profunda à sociedade de consumo e ao controle das massas. Nela, Bradbury vislumbra um futuro onde a desconexão e a alienação dos indivíduos se dá por meio de dispositivos como os fones, isolando-se do mundo ao redor.
Publicado em 1888, “Looking Backward”, de Edward Bellamy, descreve uma sociedade americana utópica do futuro, onde, entre outras inovações, ele antecipa o uso de um sistema de pagamento similar aos modernos cartões de débito e crédito.
O protagonista, Julian West, adormece em 1887 e acorda no ano 2000, onde descobre que as compras são realizadas por meio de cartões de "crédito".
Embora o sistema descrito no romance se aproxime mais da ideia do atual de cartão de débito, onde uma quantia de crédito pré-estabelecida é alocada aos cidadãos, o conceito de um meio de pagamento eletrônico de fácil uso ainda é surpreendentemente moderno.
O mais impressionante, porém, é que o conceito de "cartões de crédito", como descrito por Bellamy, só se materializou 63 anos depois, com o lançamento do primeiro cartão de crédito, o Diners Club, em 1950.
Em “2001: Uma Odisseia no Espaço”, publicado em 1968, Arthur C. Clarke não apenas abordou temas futuristas como a inteligência artificial e os perigos da guerra nuclear, mas também fez uma previsão surpreendente sobre a forma como consumimos notícias.
No romance, os personagens leem atualizações de eventos e notícias de uma maneira que remete diretamente aos dispositivos digitais que usamos atualmente. Clarke descreveu um "bloco de notícias", um dispositivo portátil com tela digital, através do qual as pessoas acessam as informações do dia a dia — uma previsão que, décadas depois, seria materializada com o lançamento de dispositivos como o iPad.
O autor escreveu: "Um por um, ele evocava os principais jornais eletrônicos do mundo... Alternando para a memória de curto prazo da unidade de exibição, ele segurava a primeira página enquanto rapidamente pesquisava as manchetes e anotava os itens que lhe interessavam”.
Em seu romance "The Machine Stops", publicado em 1909, E.M. Forster antecipa uma das tecnologias mais onipresentes do século XXI: a videoconferência. Embora o contexto de seu livro seja distópico, a descrição de Forster de uma comunicação instantânea por vídeo entre indivíduos separados por grandes distâncias é notavelmente similar ao Skype e outras plataformas de videoconferência modernas.
Em uma cena do livro, o autor descreve um dispositivo que permite que os personagens vejam e se comuniquem com outros, independentemente de sua localização.
Ele escreve: "Mas passaram-se quinze segundos antes que o prato redondo que ela segurava nas mãos começasse a brilhar. Uma tênue luz azul passou por ele, escurecendo para roxo, e logo ela pôde ver a imagem de seu filho, que vivia do outro lado da Terra, e ele pôde vê-la".