Uma noite boêmia, sob o olhar de um amante dos cabarés
H enri de Toulouse-Lautrec foi um dos mais importantes artistas pós-impressionistas do final do século 19. Nascido na França em 1864, ele eternizou sua visão para o que até hoje ainda é polêmico: o profano.
O pintor ficou conhecido por suas pinturas de cabarés, seus retratos de prostitutas – que na vida real eram suas amigas. Inovou ao mostrar mulheres desse ambiente em contextos de rotina, sem hipersexualizar suas personagens ou julgá-las.
Revelou a exuberância do cancã, mas também garotas de programa entediadas com as horas de espera no trabalho. Provocou escândalo ao humanizar figuras que a sociedade demoniza.
Essa arte antirrótulo falava alto ao coração do pintor, ele próprio alvo de preconceito. O artista sofria de um distúrbio genético raro (hoje chamado de síndrome de Toulouse-Lautrec): tinha um corpo de criança sustentando a cabeça adulta.
Um problema ligado à endogamia – seus pais eram primos de primeiro grau. Um de seus quadros mais importantes é este Baile no Moulin Rouge, de 1890, em que Toulouse-Lautrec ilustra uma noite festiva no mais renomado dos cabarés de Paris.
A obra apresenta dois frequentadores dando um show de dança em meio aos habitués de classe média e às prostitutas. A arte dos marginalizados inspirando a grande arte do pós-impressionista.
Pensando nisso, veja 4 curiosidades sobre a obra Baile no Moulin Rouge!
O homem à esquerda da dançarina, chamado Valentin le Désossé (Valentin,
“o desossado”, uma referência à sua flexibilidade na dança), era famoso nas pistas do cabaré, e está ensinando novos passos. Os dois dançam cancã.
Em primeiro plano, o artista apresenta uma mulher de perfil, que se destaca em meio à cena. Trata-se de La Goulue (“a gulosa”), apelido da dançarina Louise Weber, uma das musas de Toulouse-Lautrec.
Muitas pessoas retratadas na pintura são artistas que faziam parte do círculo social de Lautrec, como o poeta irlandês W.B. Yeats, que aparece de barba branca, próximo ao bar.
Apesar da influência impressionista, o artista foge das nuances da luz natural características do movimento. Prefere a luz fria e artificial dos ambientes fechados, que revela os traços verdadeiros e os movimentos rápidos das pessoas na agitação do cabaré