Antropoceno: notas sobre a vida na Terra é ideal para aqueles que amam particularidades da História
Conhecido por sucessos como A culpa é das estrelas, Quem é você, Alasca? e Tartarugas até lá embaixo, o escritor americano John Green estreia na não ficção com o emocionante Antropoceno: notas sobre a vida na Terra, publicado pela Intrínseca.
Baseado em seu podcast de sucesso, The Anthropocene Reviewed, o livro traz ensaios bem-humorados e perspicazes sobre diferentes temas — como pinturas rupestres, Banco Imobiliário, ursinhos de pelúcia e o cometa Halley —, todos avaliados de forma nada imparcial pelo autor em uma escala de cinco estrelas.
O termo “Antropoceno” foi proposto para designar o período geológico atual, em que os seres humanos alteraram profundamente o planeta e sua biodiversidade. Ao longo de mais de quarenta ensaios, alguns inéditos, o autor mergulha em diversos aspectos contraditórios da humanidade, analisando nossas fraquezas e capacidades, com a certeza de que, para o bem ou para o mal, no Antropoceno não há observadores desinteressados, apenas participantes.
Na obra, escrita parcialmente durante a pandemia global, John Green nos relembra que não podemos prever os horrores do futuro, mas tampouco podemos prever as maravilhas que nos aguardam, e que um dos pré-requisitos para sobreviver é ter esperança. Abaixo selecionamos cinco fatos curiosos comentados pelo autor no livro.
Em setembro de 1940, no interior da França, o mecânico Marcel Ravidat, de 18 anos, passeava com seu cachorro, Robot, quando o animal entrou por um buraco e sumiu. Robot reapareceu horas depois, e seu dono imaginou que o bicho tinha achado uma passagem secreta para o solar Lascaux, que ficava na região. Marcel retornou alguns dias depois com cordas e mais três amigos: Georges Agniel, Jacques Marsal e Simon Coencas, de 16, 15 e 13 anos, respectivamente.
Ao entrar pelo buraco, no entanto, o grupo fez uma descoberta inesperada que mudou o curso de suas vidas: pinturas rupestres de pelo menos 17 mil anos. Em 1948, o governo francês abriu o espaço para visitação, mas, atualmente, a caverna original está fechada para preservação das obras. Porém, como aponta John Green, os turistas podem visitar as cavernas de imitação que reproduzem as pinturas originais.
Diz-se que, em 1902, o então presidente dos Estados Unidos Teddy Roosevelt teria saído para caçar ursos no Mississippi. Durante a pausa para o almoço, seu guia, Holt Collier, capturou um urso para o presidente e o amarrou a uma árvore. Roosevelt, contudo, se recusou a atirar no animal, por achar a atitude antidesportiva.
A história ficou popular, e os imigrantes russos Morris e Rose Michtom, inspirados em uma charge sobre o incidente publicada no Washington Post, criaram o brinquedo, chamando-o de “Teddy Bear” – o urso de Teddy, em inglês.
Na mesma época, uma empresa alemã teve uma ideia similar, e ambas as versões do brinquedo fizeram um enorme sucesso. O fim do animal real, porém, foi menos otimista: Roosevelt pediu que um dos membros de sua equipe cortasse a garganta do urso, para acabar com seu sofrimento.
Segundo a Hasbro, a versão oficial da criação do jogo Banco Imobiliário* é que Charles Darrow o inventou após ficar desempregado e se tornar vendedor de porta em porta, tornando-se mais tarde o primeiro milionário dos jogos de tabuleiro. Contudo, um jogo muito similar, chamado The Landlord’s Game, já havia sido criado por Elizabeth Magie.
Atriz e escritora com fortes ideias feministas, Magie criou seu jogo com o objetivo de explanar os absurdos do sistema fundiário através de dois conjuntos de regras: em um, o objetivo era acumular o máximo de dinheiro possível; no outro, distribuir os recursos de forma justa.
O jogo se tornou muito popular entre universitários, que faziam suas próprias versões e criavam novas regras. Teria sido a partir de uma delas, chamada Fascinating Game of Finance, que Darrow desenvolveu o Banco Imobiliário.
*O jogo é conhecido em todo mundo como Monopoly, e seus direitos pertencem à Hasbro. A versão brasileira, comercializada desde a década de 1940 pela Estrela, tem o nome Banco Imobiliário. Atualmente, ambas as versões estão disponíveis no Brasil, após o encerramento da parceria entre as empresas. O texto se refere à versão original.
Embora a função principal do ar-condicionado hoje em dia seja manter a temperatura ambiente agradável, sua origem não está diretamente ligada ao nosso conforto. O primeiro aparelho, desenvolvido em 1902 pelo engenheiro Willis Carrier, tinha uma função específica: evitar que as páginas das revistas impressas por uma gráfica em Buffalo, Nova York, fossem deformadas pela umidade do verão.
A máquina inventada por Carrier funcionava como um aquecedor elétrico às avessas, fazendo o ar passar por bobinas frias e diminuindo não só a umidade, mas a temperatura. John Green reflete, porém, que os benefícios trazidos pelo aparelho não diminuem o impacto de seu uso no meio-ambiente, o que exige uma mudança de postura coletiva urgente.
Embora seja mais conhecido como inventor, Thomas Edison também teve um papel importante no aperfeiçoamento de aparelhos já existentes em sua época. Um deles é o teclado QWERTY. A ideia inicial veio do editor de jornal e político Christopher Latham Sholes, que desejava criar uma máquina de escrever capaz de imprimir os números das páginas nos livros, além de digitar as letras.
O projeto original foi desenvolvido com seus amigos Samuel Soule e Carlos Glidden, e possuía duas fileiras de teclas em ordem alfabética. Mais tarde, o layout do teclado foi aprimorado por estenógrafos e operadores de telégrafo, na tentativa de diminuir os emperramentos e facilitar a tradução do código Morse.
A máquina passou por mais testes após os conselhos de diversos colaboradores, inclusive Thomas Edison. O layout final, com as teclas Q,W,E,R,T,Y na primeira linha, veio de um fabricante de armas, que comprou os direitos da máquina para expandir seus negócios após o fim da Guerra da Secessão.
JOHN GREEN é o autor consagrado de Quem é você, Alasca?, A culpa é das estrelas, Tartarugas até lá embaixo, entre outros sucessos. É um dos escritores contemporâneos mais queridos pelo público, com quase 5 milhões de livros vendidos no Brasil. Suas obras receberam diversos prêmios, como a Printz Medal, a Printz Honor e o Edgar Award.
Green foi duas vezes finalista do LA Times Book Prize e eleito pela revista TIME uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. É também roteirista e apresentador do aclamado podcast The Anthropocene Reviewed.
Ao lado do irmão, Hank, lançou diversos projetos de vídeos on-line, incluindo o vlogbrothers e o canal educativo Crash Course. Ele mora com a família em Indianápolis, nos Estados Unidos.