Para fugir de um naufrágio, Selkirk preferiu se aventurar em Más a Tierra — e, após ser resgatado, preferiu continuar sua vida em alto mar
Alexander Selkirk foi um marinheiro escocês que ficou preso durante quatro anos numa ilha deserta após ser abandonado. De acordo com algumas teorias, o romance Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, teria sido inspirado em sua história.
Nascido em 1676, na Escócia, Alexander teve uma juventude cheia de rebeldia e violência. Em 27 de agosto de 1695, ele foi intimado pela justiça a depor por comportamento indecente na igreja. O jovem, ao invés de comparecer a audiência, preferiu ir para o mar.
Selkirk ficou seis anos longe de sua comunidade aprendendo o ofício de marinheiro e fugindo das restrições e desaprovações. Voltou em 1701 com um temperamento "mais impulsivo e tempestuoso do que nunca".
Com a chegada da primavera, Alexander decidiu sair novamente de sua comunidade. Inicialmente, ele embarcou em expedições com os bucaneiros, piratas originários dos portos do Caribe, em direção a Polinésia. Em 1703, juntou-se com William Dampier, um renomado corsário e explorador inglês.
Dampier era capitão do St. George, enquanto Selkirk serviu em um barco movido a remos, chamado galé Cinque Ports, em que trabalhava como mestre de navegação, e tinha como capitão Thomas Stradling.
No ano de 1704, as duas embarcações haviam se separado após um desentendimento entre os dois capitães. Então, o Cinque Ports partiu em direção a ilha Más a Tierra, atual Ilha Robinson Crusoe, próximo a costa do Chile. O arquipélago se encontrava completamente abandonado, e era utilizado frequentemente por marinheiros britânicos como ponto de parada.
A vida isolado em uma ilha
Alexander passou a ficar muito preocupado com a estrutura do barco que não se adaptou com o clima local. Com a esperança de que o St. George passaria por ali, Selkirk disse a Stradling que preferia permanecer na ilha do que afundar em alto mar, devido as condições da embarcação.
Apesar de ter tentado convencer alguns de seus colegas a permanecer com ele, ninguém concordou. Entretanto, o capitão aceitou o seu pedido de permanecer na ilha e o abandonou sozinho no local. Alexander chegou a se arrepender de sua decisão, mas não havia mais volta. O Cinque Ports já havia partido. Pouco tempo depois, a embarcação realmente naufragou, vitimando boa parte dos marujos.
Por não ter sido expulso, Selkirk permaneceu com alguns de seus objetos pessoais, que utilizou para sobreviver durante os quatro anos que viveu na ilha. Entre eles estavam seu mosquete, pólvora, diversos tipos de ferramentas, uma faca, uma Bíblia, um livro de salmos, algumas roupas e uma corda.
Com medo do que havia no interior da ilha, Alexander permaneceu inicialmente na área costeira, comia frutos do mar e buscava diariamente por sinais de resgate. A chegada de diversos leões-marinhos no litoral para a temporada de acasalamento, o obrigou a mudar de lugar.
Ao ir para o interior da ilha sua vida começou a melhorar. Lá ele passou a encontrar melhores alimentos, como cabras selvagens, que passaram a lhe fornecer carne e leite, além de ter nabo, repolho e pimenta preta.
Construiu duas cabanas próximas a uma fonte de água, utilizava seu mosquete para caçar os animais que lhe serviam de alimento e abria a Bíblia todos os dias em busca de consolo e como forma de praticar seu inglês. Com os conhecimentos adquiridos, com seu pai, iniciou processamento de couro, conseguiu produzir roupas novas quando as suas se tornaram inutilizáveis.
Quando começou a ficar sem munição, Selkirk passou a caçar a pé, e um dia acabou se machucando seriamente ao cair de um penhasco enquanto estava atrás de um animal.
Durante os anos em que permaneceu na ilha, duas embarcações espanholas ancoraram em Más a Tierra. Por estar no auge da Guerra da Sucessão e ser um corsário escocês, Alexander corria um grande risco caso fosse capturado pelas tropas, mas conseguiu escapar em ambas as vezes.
O resgate
No dia 1º de fevereiro de 1709, Alexander Selkirk foi finalmente resgatado. O navio tinha como capitão Woodes Rogers e era pilotado por seu ex-companheiro William Dampier. Mesmo após toda sua experiência, ele continuou a trabalhar com marinheiro durante muitos anos.
Alexander Selkirk, segundo um diário de bordo, morreu às oito da noite no dia 13 de dezembro de 1721, provavelmente vítima de febre amarela, enquanto servia como tenente no navio real Weymouth. Ele foi sepultado no mar, próximo à costa ocidental da África.
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