Sebastião e Joaquim foram acusados de um crime que não cometeram; uma década depois, a justiça veio à tona de uma maneira inesperada
Em novembro de 1937, Benedito Pereira Caetano estava devendo para muitas pessoas na cidade Araguari, no interior de Minas Gerais. O caloteiro pediu para ficar na casa de seus primos, os irmãos Sebastião José Naves e Joaquim Rosa Naves, que abriram as portas de sua casa para o homem.
No dia 29 do mesmo mês, Benedito estava em uma festa no centro da cidade e simplesmente sumiu sem dar notícias, e o pior, junto com ele também desapareceu uma boa quantia de dinheiro.
Preocupados com o sumiço do familiar, os irmãos não demoraram a começar as buscas pelo primo, mas nada de achá-lo. Eles foram até a delegacia local, explicaram o caso e, ainda assim, não obtiveram sucesso.
Como uma pessoa desaparece com tanto dinheiro, no interior mineiro, no meio do Estado Novo de Vargas e a polícia não quer colaborar para desvendar o caso? Começou então uma busca incessante por justiça pelos irmãos Naves.
O erro na justiça
Com a repercussão que o caso foi tomando, um novo delegado foi designado para cuidar das investigações: o temido Tenente Francisco Vieira dos Santos. É importante lembrar que durante todo o inquérito policial, Sebastião e Joaquim colaboraram sempre com os oficiais.
Tanto que quando tiveram uma pista quente do sumiço, informaram ao tenente, que simplesmente ignorou os dois e tirou suas próprias conclusões de maneira leviana. O oficial optou por culpar os irmãos de assassinarem o primo e esconderem o dinheiro.
A acusação não tinha provas ou evidências de que isso realmente tivesse acontecido, mas mesmo assim, os dois foram presos e sofrerem muito dentro da prisão para que confessassem o crime que nunca cometeram. Eles eram torturados com socos, pontapés e não podiam dormir. Inclusive, presenciaram o estupro da própria mãe, para que admitissem a culpa.
No dia do julgamento, com a ajuda do advogado, João Alamy Filho, eles se declararam inocentes de todas as acusações. Mesmo sem provas, testemunhas ou qualquer coisa que levassem eles a serem culpados de tal atrocidade, os irmãos Naves foram condenados a 25 anos de prisão cada pelo homicídio de Benedito.
A volta dos mortos
Um ano após sua prisão, em 1948, Joaquim não resistiu a tortura e faleceu. Seu irmão, junto com o advogado, prometeu que iria provar a inocência deles, a qualquer preço.
Após um longo tempo buscando provas para comprovar emfim a inocência, uma surpresa veio para colocar fim na sofrida e intensa saga de Sebastião: Benedito foi encontrado, vivo.
O homem justificou seu sumiço dizendo que sabia que devia para várias pessoas e não sabia o que fazer, então, a saída mais fácil que o mentiroso encontrou foi fugir. Em 1960, Sebastião podia respirar aliviado, pois estava livre.
Foram quase 15 anos de cárcere e sofrimento, assim que reencontrou o primo, Sebastião teve uma reação inusitada: o perdoou. No mesmo ano, o Estado de Minas Gerais foi condenado a pagar uma indenização pelo gravíssimo erro judiciário cometido. Sebastião morreu em setembro de 1964, mas como um homem inocente.
+Saiba mais sobre atuação de Vargas nas obras disponíveis na Amazon:
1. O Perigo Alemão e a Repressão Policial no Estado Novo, de Priscila Ferreira Perazzo (1999) - https://amzn.to/2BgyAiD
2. Histórias de Vida - Coleção Vozes do Holocausto, de Maria Luiza Tucci Carneiro (2017) - https://amzn.to/32nsatE
3. Operação Brasil: o ataque alemão que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial, de Durval Lourenço Pereira (2015) - https://amzn.to/2MlShM1
Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.
Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp
Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/3b6Kk7du