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Matérias / Elias Maluco

Veja como "Seu Creysson", do Casseta & Planeta, 'ajudou' na prisão de Elias Maluco

Após assassinato do jornalista Tim Lopes, Elias Maluco se tornou um dos homens mais procurados do país e episódio inusitado ajudou em sua prisão; entenda!

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
[email protected]

Publicado em 14/07/2024, às 12h00

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Elias Maluco e Seu Creysson - Andréa Farias Farias via Wikimedia Commons e Divulgação
Elias Maluco e Seu Creysson - Andréa Farias Farias via Wikimedia Commons e Divulgação

Após 109 dias do brutal assassinato do jornalista Tim Lopes, Elias Pereira da Silva foi preso na favela da Grota, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em setembro de 2002.

Elias Maluco, como ficou conhecido, era integrante da facção criminosa Comando Vermelho e um dos maiores traficantes de drogas do Rio de Janeiro. Para capturá-lo, a polícia lançou no dia 16 de setembro de 2002 a chamada 'Operação Sufoco' — que contava com 250 agentes, por turno, fazendo um cerco no Complexo do Alemão. 

Elias só foi localizado após 50 horas do início da operação. Um dos fatores que contribuíram para sua captura é um tanto quanto inusitado: Seu Creysson, personagem do programa 'Casseta & Planeta'. Entenda!

A morte de Tim

Em 2 de junho de 2002, Tim Lopes ficou sabendo que um grupo de traficantes que comandava a favela de Vila Cruzeiro realizaria um baile funk naquela noite. Durante a festa, eles promoveriam a prostituição infantil.

Foto de Tim Lopes - Arquivo Pessoal

Com uma pequena câmera escondida, Tim foi até o local para registrar o abuso de menores e o tráfico de drogas. No entanto, acabou sendo descoberto por traficantes, sequestrado e levado até a Favela da Grota.

Por lá, foi 'apresentado' a Elias Maluco, chefe da quadrilha. Segundo recorda matéria do O Globo, o jornalista teve seu corpo carbonizado no chamado 'micro-ondas' — sendo queimado em uma fogueira de pneus. Seus restos mortais foram encontrados, posteriormente, em um cemitério clandestino. 

O caso ganhou enorme repercussão nacional e Elias Maluco passou a ser um dos homens mais procurados do país. As autoridades fariam de tudo para capturá-lo. 

A busca por Elias 

A caçada contra Elias já durava três meses quando as autoridades cariocas lançaram a 'Operação Sufoco'. Aquela altura, a polícia usava o sinal da estação rádio-base para ter uma estimativa de onde o traficante se encontrava. 

O sinal telefônico mostrava que Elias estava dentro do Complexo do Alemão, mas como o bairro é muito extenso, era difícil saber sua localização exata. Por meio de escutas, a polícia tentava se aproximar dele. 

E foi justamente uma dessas escutas que registrou algo inusitado. Os grampos eram acompanhados pela inspetora Marina Magessi, que repassou ao então chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, que Elias se queixava de um policial que imitava o personagem Seu Creysson, interpretado pelo humorista Cláudio Manoel no programa 'Casseta & Planeta'. 

Cumpadi, tem um policial aqui perto, chato pra caralho, imitando Seu Creysson, e eu não estou conseguindo dormir", teria se queixado o traficante. 

Assim, a equipe do policial em questão recebeu a ordem para não se deslocar, visto que sabiam que Maluco estava por perto. No entanto, vale ressaltar, que o fato não ajudou as autoridades a encontrarem a residência exata em que o traficante estava escondido.

O informante

Em entrevista ao O Globo, Ronaldo Oliveira, que era delegado da Divisão de Capturas Oeste da Polinter (DC-Polinter), unidade responsável pela prisão de Elias Maluco, relatou que um informante anônimo foi crucial para a prisão de Elias. 

Foto da prisão de Elias Maluco - Andréa Farias Farias via Wikimedia Commons

A notícia relatada aos policiais era de que o chefe do tráfico estava em uma vila e tentaria fugir durante o horário da troca de guarnição. "Fomos checar. Ao chegar na terceira casa da vila, haviam dois idosos: os policiais entraram (no imóvel) e, no 2º andar, o Elias Maluco estava pronto para fugir, com documentos falsos e dinheiro".

Encurralado, Elias Maluco não resistiu à prisão, apenas fez um pedido aos policiais: "Perdi, chefe. Só não esculacha, não". O assassino de Tim Lopes passou 18 anos em detenção. Em setembro de 2020, Elias Maluco foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas. Seu corpo possuía sinais de enforcamento. Ele tinha 54 anos.