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Matérias / Bizarro

Tiradas do lar e transformadas em atração: as gêmeas siamesas Radhika e Dudhika Nayak

As duas meninas indianas, tiradas dos cuidados da comunidade aos três anos, foram abandonadas depois de uma cirurgia que terminou em tragédia

André Nogueira Publicado em 20/06/2020, às 08h00

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Radhika e Dudhika Nayak - Wikimedia Commons
Radhika e Dudhika Nayak - Wikimedia Commons

No início do século 20, a medicina focou completamente na questão dos siameses, pensando formas de separá-los de maneira segura. Um dos casos desse período foi o das irmãs Radhika e Dudhika Nayak, nascidas em 1888 em Dhenkanal, na Índia. Unidas pela região lateral do tronco, as gêmeas assustaram incialmente a comunidade.

Inicialmente, as duas foram cuidadas por místicos do hinduísmo, chamados sadhus. E assim foram criadas, com muito cuidado, durante três anos, até que fossem descobertas por representantes da colonização britânica. Em 1892, um promotor inglês chamado Coleman se apropriou das jovens e as levou para a Europa.

Como consequência, as meninas passaram a ser expostas como aberração, fazendo turnês com o apelido "Orissa Twins". A primeira aparição foi no Royal Aquarium de Londres, quando começaram a chamar atenção. No ano seguinte, já estavam sendo levadas para uma viagem aos EUA, quando foram expostas na Exposição Mundial em Chicago.

No mesmo ano, foram avaliadas por médicos ingleses, que publicaram um relatório sobre suas condições no British Medical Journal. Segundo o artigo, elas estavam "aparentemente perfeitas em todos os aspectos, exceto que da cartilagem ensiforme ao umbigo eles estão unidos". Foi apontado que elas tinham uma boa relação e raramente brigavam.

Radhika e Dudhika após separação / Crédito: Wikimedia Commons

Com o tempo, as jovens teriam aprendido diversas línguas, como inglês, francês e alemão. Voltaram a fazer turnês nos EUA e na Europa, com aparições famosas em Chicago. O pioneiro Barnum and Bailey Circus foi um dos principais palcos das meninas.

Porém, a carreira das meninas teve fim em 1902, quando Dudhika, depois de uma década de trabalho praticamente forçado, contraiu tuberculose e passou a representar um risco para a gêmea. Diante da situação, um médico francês pioneiro, Eugène-Louis Doyen, se ofereceu para realizar uma arriscada cirurgia para separá-las e, assim, tentar salvar a vida de Radhika — não havia esperança que Dudhika sobrevivesse à doença.

O procedimento foi realizado naquele ano, com cobertura de filmagens, se tornando um evento famoso. Para Jill A. Sullivan, no livro Popular Exhibitions, Science and Showmanship, a atitude proativa do médico e o risco assumido — a presença da equipe de filmagem aumentava a possibilidade de erros humanos — podem ser entendidos “como a espetacularização da superioridade médica", marca da época.

O ato foi encarado pela sociedade europeia como uma espécie de “heroísmo médico”, segundo Sullivan. No entanto, não acabou bem. Logo após a cirurgia, Dudhika morreu após a inflação do peritônio. Sua irmã, por outro lado, se recuperou após o procedimento e foi enviada a um sanatório — onde todos os indesejados eram levados na época.

Fotografia do momento da cirurgia / Crédito: Wikimedia Commons

Na instituição, em Paris, ela foi batizada e passou a ser chamada de Marie Marguerite. Ensinaram-lhe a bordar e a cantar. Todavia, ela viveu pouco tempo. Veio a óbito em 1903 diante de uma tuberculose. Aos 15 anos, a jovem já havia sido praticamente abandonada pelos homens que a raptaram na Índia.

As filmagens da operação de separação das siamesas foram veiculadas no cinema da época, o que gerou uma grande repulsa no público. O próprio médico tentou barrar a reprodução do filme, sem sucesso.


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