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Matérias / Arqueologia

Reconstrução facial de faraó feita por brasileiro cai em polêmica no Egito

O designer brasileiro Cícero Moraes refutou alegações de falta de rigor científico ao promover imagens faciais de Amenhotep I

Luiza Lopes Publicado em 03/10/2024, às 18h00 - Atualizado em 07/10/2024, às 20h10

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Reconstrução facial do faraó Amenófis I - Divulgação/Cícero Moraes
Reconstrução facial do faraó Amenófis I - Divulgação/Cícero Moraes

Cícero Moraes, designer brasileiro que ficou conhecido por fazer diversas reconstruções faciais 3D de figuras históricas, refutou as alegações do artigo “Imagens de Amenhotep I na balança da ciência”, escrito pelo repórter Rania Saber Rafaee, que apresenta falas do ex-ministro de Antiguidades do Egito Zahi Hawass e de SaharSaleem, professora de radiologia na Universidade do Cairo. 

No artigo publicado, os especialistas acusaram Moraes de falta de rigor científico e divulgação de imagens faciais imprecisasde figuras egípcias antigas, especialmente no caso do faraó Amenhotep I.

Saleem alegou que o desenho do designer era "nada mais do que uma obra artística inspirada por sua imaginação" e carecia de fundamentos científicos. Além disso, os especialistas insinuaram que Moraes não tinha publicações relevantes ou experiências significativas relacionadas a Amenhotep I, questionando a credibilidade de seu trabalho.

Eles também criticaram suas tentativas anteriores de reconstrução facial, argumentando que essas iniciativas não estavam bem documentadas em publicações científicas. Outra acusação levantada por Hawass foi a de que o autor estava sendo influenciado por grupos afrocentristas, alegando que suas reconstruções eram motivadas por uma agenda específica.

Por fim, Saleem argumentou que as imagens das múmias reais utilizadas pelo autor não deveriam ser empregadas para criar "representações imaginárias", alegando que isso compromete a precisão científica e a integridade do trabalho.

faraó
Reconstrução facial do faraó Amenófis I / Crédito: Divulgação/Cícero Moraes

Defesa

Em resposta publicada no site ReseachGate e enviada ao site Aventuras na História, Moraes argumenta que suas aproximações faciais são baseadas em métodos científicos e publicações acadêmicas.

O brasileiro destaca que o rigor que Saleem e Hawass cobram em alguns dos seus trabalhos, eles próprios não aplicam ou seguem. Ele menciona a utilização do Creative Commons Attribution License (CC BY) em seus trabalhos, assegurando que seu uso de imagens e dados estava em conformidade com essa licença.

Além disso, o designer destaca a importância de representar com precisão as características faciais dos antigos egípcios, citando a necessidade de informações etnográficas e a colaboração com especialistas em diferentes áreas para garantir a acurácia das reconstruções. 

Ele enfatiza que seu trabalho é reconhecido na comunidade acadêmica, com publicações em periódicos de impacto e funções como revisor convidado. “Não comecei isso hoje, nem sou desconhecido nos círculos acadêmicos”, pontua.

O autor encerra ressaltando seu respeito pela pesquisa de Hawass e Saleem, expressando o desejo de que os cientistas sejam mais cautelosos ao discutir o trabalho alheio, para manter a integridade acadêmica.

“Gostaria de ver cientistas tão queridos pelo público sendo mais cuidadosos ao falar sobre o trabalho dos outros, especialmente quando tais palavras não são compatíveis com os fatos”, conclui.