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Matérias / Entretenimento

Rambo gerou um episódio cômico ao vivo entre a Globo e o SBT, em 1988

A emissora de Silvio Santos decidiu peitar a rival carioca

Wallacy Ferrari, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/05/2021, às 11h00 - Atualizado em 17/08/2024, às 11h31

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Slide orienta espectadores do SBT a aguardarem fim de novela - Divulgação / SBT / Acervo Êgon Bonfim
Slide orienta espectadores do SBT a aguardarem fim de novela - Divulgação / SBT / Acervo Êgon Bonfim

Quem é telespectador do SBT sabe que, quando Silvio Santos ordena, é o ponto final de qualquer indagação; mudanças repentinas de horários, mensagens de explicações em intervalos comerciais e até cancelamentos de atrações marcaram os mais de 40 anos da emissora dos Abravanel. O ícone da televisão brasileira faleceu aos 93 anos neste sábado, 18.

Contudo, em 1988, o auge dessas intervenções protagonizou uma batalha contra a principal rival. Naquele ano, a emissora já conseguia vencer alguns embates com a líder nacional, contratando o ex-global Jô Soares com um salário recorde na época, além de conseguir convencer Gugu Liberato de se manter na emissora paulista, como registrou o Estadão.

O estopim para o canal carioca seria o anúncio do SBT de que o filme “Rambo”, sucesso de bilheteria, seria exibido na estreia do programa ‘Cinema em Casa’. Como contra-golpe, a Globo decidiu programar a exibição de “Rambo II” no mesmo horário que o canal rival.

O anúncio foi responsável por alertar Silvio Santos, que encontrou uma maneira de chamar a atenção do público, como reportou o portal Notícias da TV.

Sylvester Stallone interpreta o personagem Rambo em cena de filme homônimo / Créditos: Divulgação / Lions Gate Entertainment

Truque de mestre

Na noite de exibição, datada de 17 de agosto de 1988, o SBT surpreendeu a emissora de Roberto Marinho; colocou no ar, no momento que o filme passaria um slide contendo uma mensagem em texto: "Quem procura acha o Rambo na Globo" — uma analogia ao slogan do SBT durante a década de 1980, "Quem procura, acha aqui".

Durante o filme na rival, decidiu apenas reprisar o programa sertanejo Musicamp, de maneira que assumisse a derrota, mas gastasse sua carta na manga para, posteriormente, usar o Rambo sem concorrência.

E assim fez, anunciando o filme na semana seguinte, para o dia 26. A segunda arma da Globo seria a novela “Vale-Tudo”, com estrondoso sucesso contendo a trama de Odete Roitman.

Para combater a transferência do público, a edição da novela chegou a ser estendida para que o filme iniciasse. O SBT, no entanto, não aceitou, sendo transparente com o público; em letras garrafais, estampou a tela com os dizeres: "Não se preocupe, quando terminar a novela da Globo, você vai ver: RAMBO".

Quem ganhava era o espectador, que tinha certeza de que o clássico do cinema estaria pronto para ser apresentado sem atrapalhar o acompanhamento da novela.

Cheque-mate

A tentativa funcionou; apesar da liderança isolada da novela, que chegou a bater 83 pontos de audiência de acordo com os números do IBOPE divulgados pela Folha de S. Paulo na época, o fim da atração global migrou o público ao SBT, que alcançou pico de 42 pontos enquanto a Globo segurava apenas 15.

O mais impressionante foi registrado as 22h00, com 19 pontos de audiência para o SBT exibindo apenas o slide de espera do filme, contando com uma foto de Rambo com uma metralhadora ao fundo e uma música instrumental. O início da atração foi apresentado pela Miss Brasil do ano anterior, Jacqueline Meirelles.

A modelo ficou responsável por segurar o público em intervalos comerciais, estendendo a atração com comentários e curiosidades sobre a produção — e vingando o atraso, que chegou a atingir 50 minutos a mais do que o anunciado na programação, tendo a atração liberada por volta das 22h30. Por fim, Silvio Santos conseguiu o que queria.