Aos 15 anos, o jovem já estava certo de sua vocação e ganhou fama por combater hereges
Ramon Botifa, Arquivo Aventuras na História Publicado em 01/01/2021, às 09h00 - Atualizado em 13/06/2023, às 11h41
Fernando de Bulhões y Taveira nasceu em Lisboa na família do nobre prefeito da cidade. Desde pequeno, teve orientação religiosa e aprendeu a fazer caridade com a mãe, Teresa.
Seu tio, o cônego Fernando, o incentivava a viver os ideais cristãos e contava com sua ajuda na missa para distribuir pães aos pobres. Aos 15 anos, ingressou na Ordem de Santo Agostinho.
Em seguida, foi viver em Coimbra como sacerdote e ficou sabendo da história do martírio de cinco freis franciscanos que haviam sido assassinados no Marrocos.
Determinado, Fernando tornou-se membro da Ordem dos Frades Menores de São Francisco, aos 25 anos, e foi viver no lugar dos freis mortos. Nessa época, abandonou o nome de batismo e começou a usar o nome religioso de Antônio.
Ao chegar ao Marrocos, em 1221, ele teve uma febre grave e precisou voltar para Portugal. Porém, fortes ventos levaram a embarcação para a Sicília, no sul da Itália, onde Antônio passou a viver. Foi em suas andanças que chegou à cidade de Assis. Lá, participou de um encontro com mais de 3 mil frades para ouvir São Francisco.
No ano seguinte, Antônio ainda era desconhecido quando foi convocado para fazer as preces numa cerimônia de ordenações de sacerdotes em Forli.
O padre que iria rezar a missa adoeceu e ninguém queria a enorme responsabilidade de substituí-lo. Antônio, porém, não teve medo e se ofereceu para a tarefa. Seu sermão foi tido como exemplo e rapidamente se fez sua fama de notável orador. O próprio São Francisco descobriu que o novato era um conhecedor das Sagradas Escrituras e o autorizou a pregar pelas cidades.
Depois, lhe enviou uma carta: “Convém-me que leias aos frades a sagrada teologia, mas de maneira que, como sobretudo desejo, nem em ti nem nos outros se extinga o espírito de oração, conforme a regra que prometemos”. E, assim, ele foi considerado o “teólogo dos franciscanos”.
No entanto, a vida de Antônio era a pregação. Ele passou três anos na França, entre 1224 e 1227, para combater os “albigenses”, um grupo de hereges. Nesse período, praticou dois milagres: recuperou um livro roubado em Montpellier e foi visto conversando com o Menino Jesus.
Muitos milagres são atribuídos a ele. O mais conhecido aconteceu quando estava pregando em Rímini, na Itália, e um grupo de hereges não lhe dava a mínima atenção. Foi quando Antônio deu as costas ao povoado, caminhou em direção à praia e começou a falar com os peixes do mar sobre o milagre de Jonas e a baleia e os preceitos cristãos: “Bendizei ao Senhor, vós, que sois também nossos irmãos”. Depois de ouvir o sermão, os peixes voltaram saltitantes para a água. Assim, Antônio converteu muitos moradores de Rímini.
O frade, que sofria de uma doença de pele, morreu em 1231, aos 35 anos. Devido ao seu conjunto de milagres, foi canonizado menos de um ano depois de sua morte. Antes mesmo, já era reconhecido como santo pelos italianos.
Foram seus milagres que o fizeram conquistar o título de “santo casamenteiro” apenas no Brasil, onde chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses. Segundo dizem, ele tinha os olhos voltados para a tristeza das moças. Um de seus feitos ocorreu quando ele era ainda menino e gostava de acariciar os cabelos de uma prima.
Seu tio tinha ciúme e cortou as madeixas da filha. Ao ver a menina chorando, Antônio colocou a mão sobre a cabeça dela e seus lindos cachos voltaram.
Em outra ocasião, encontrou uma menina com as roupas molhadas e descobriu que garotos malvados tinham quebrado o pote em que ela levava água. Prontamente, ele pegou os cacos e refez o recipiente.
Outra lenda conta que uma jovem fez uma promessa a Santo Antônio e colocou sua imagem na janela à espera de um noivo. Como não era atendida, derrubou a estátua na calçada.
A imagem acabou caindo na cabeça de um rapaz e, por causa do acidente, os dois se apaixonaram e se casaram. Isso originou a mania dos fiéis de colocá-lo de cabeça para baixo, dentro da água e virado contra a parede – uma punição até ter sua graça alcançada.
O termo ''Santo casamenteiro'' também vem da ajuda que ele dava às noivas. Como as moças pobres não tinham dinheiro para o enxoval, ele as ajudava a recolher doações para o dote. Por isso tudo, virou o protetor dos namorados e das solteiras.
Santo Antônio também é conhecido como o restituidor das “pessoas perdidas”, padroeiro de Portugal e protetor dos pobres. E sempre é lembrado como um homem caridoso.
Por isso, em todas as terças-feiras, dia em que morreu, fiéis e religiosos distribuem pães aos necessitados, como ele fazia quando criança. O Pão de Santo Antônio é um fundo de contribuição destinado a ajudar os pobres e foi criado na França, em 1894, por uma senhora rica que teve um pedido atendido pelo santo.
No dia 13 de junho, é realizada a bênção dos pães. Os fiéis levam o alimento para casa e o guardam em um pote para terem fartura e saúde o ano todo.