Meio-campista que atuou cinco anos pelo Manchester United, Mulryne largou o glamour dos gramados pela simplicidade do sacerdócio
Publicado em 15/01/2023, às 16h00 - Atualizado em 02/02/2023, às 17h41
Em 1994, o meio-campista Philip Mulryne começou sua carreira como jogador juvenil do poderoso Manchester United. Já no ano seguinte, inclusive, esteve no elenco campeão da FA Youth Cup.
Ainda em 1995, optou por defender a seleção da Irlanda do Norte, país onde nasceu, em 1978, na cidade de Belfast. Mesmo com 17 anos, sua trajetória como jogador profissional parecia promissora. Mas como muitos atletas, acabou se rendendo às festas e mulheres. Entretanto, teve um destino muito diferente de vários boleiros: se tornou padre.
Mulrynedefendeu os Diabos Vermelhos até 1999. Apesar dos cinco anos de clube, fez poucas aparições pelo time de Old Trafford. A primeira delas, no time profissional, só aconteceu em outubro de 1997, quando o United perdeu para o Ipswich Town na Coca-Cola Cup.
Por concorrer com lendários nomes do Manchester, como David Beckham, Paul Scholes, Andy Cole e Ole Gunnar Solskjaer, se tornou um personagem quase que anônimo. Sua única aparição em um jogo da liga inglesa, para se ter ideia, aconteceu no último dia da temporada 1997/1998, quando jogou os 90 minutos contra o Barnsley.
Em busca de mais oportunidades, foi vendido ao Norwich City em março de 1999 por 500 mil libras. No time canário, até teve um começo promissor, mas uma grave contusão o deixou fora de jogo até o fim da temporada de 2000.
No ano seguinte, ajudou o clube a chegar à final dos playoffs para a Primeira Divisão, mas perdeu um pênalti decisivo contra o Birmingham e se tornou um dos algozes da derrota. A volta por cima veio em 2004, quando ajudou o Norwich a subir para a Premier League — onde ficou por só um ano.
Foi então que cancelou seu contrato mutuamente com a equipe e assinou dois meses depois com o Cardiff City. Em 30 de agosto de 2005, ganhou os noticiários por ser expulso pela confederação da Irlanda do Norte por indisciplina.
Às vésperas de um jogo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo contra a Inglaterra, ele fugiu da concentração e passou a noite bebendo em um bar, apontou o UOL Esporte. Sua trajetória de mais baixos do que altos se encerrou em 2008, quando se aposentou dos gramados aos 31 anos.
Logo no ano seguinte, Mulryne começou sua formação para o sacerdócio católico romano. O desejo pela vida cristã já era pensada desde seus tempos de Norwich, como revelou em uma entrevista ao próprio clube. Philip havia se desiludido com as ‘vantagens’ do mundo do futebol, incluindo noites de farra, muito dinheiro e mulheres.
“É difícil definir um momento específico [para a mudança]. Eu diria que começou no meu último ano em Norwich. Eu não estava pensando nisso, naquele momento, mas comecei a ficar insatisfeito com todo o estilo de vida que eu vinha levando", revelou à época.
Temos uma vida maravilhosa como jogador de futebol e fui muito privilegiado, mas descobri que, mesmo com todas as coisas ao meu redor, havia uma espécie de vazio. Fiquei bastante chocado: por que não estou feliz mesmo tendo o que todos os homens jovens querem?", indagou.
Philip Mulryne se tornou frade dominicano em 2016. No ano seguinte, foi ordenado diácono. Em 8 de julho de 2017, o arcebispo Joseph Augustine Di Noia lhe ordenou a função de sacerdote, o que lhe permitiu presidir sua primeira missa dois dias depois.
“Fui voluntário em um abrigo para sem-teto por um tempo. Comecei a voltar à missa e comecei a rezar regularmente, e simplesmente encontrei uma verdadeira sensação de realização com isso. O futebol tinha altos e baixos enormes e aqui estava algo que me dava uma constante sensação de contentamento”, explicou sobre sua decisão.
Atualmente com 45 anos, Philip Mulryne mora na República da Irlanda. Segundo o UOL Esporte, ele é responsável por supervisionar uma congregação em uma igreja na cidade de Cork. O passado dos Diabos Vermelhos ficou para trás, visto que agora ele atende pelo título de Reverendo Padre Philip Mulryne.