A cratera localizada no Turcomenistão intriga pesquisadores e é alvo de polêmica no país
Na última semana, o presidente do Turcomenistão ordenou que pesquisadores do país encontrassem uma maneira de finalmente acabar com a Cratera de Darvaza, chamada informalmente de “porta do Inferno”.
Localizada ao norte da nação, no meio do deserto de Karakum, está o enorme incêndio em decorrência da cratera de gás natural, que queima há pelo menos cinco décadas e já teve tentativas anteriores sem sucesso de ser apagado.
Segundo declarou Gurbanguly Berdymukhamedov em rede nacional no último sábado, 8, conforme repercutiu o jornal The Guardian, o local “afeta negativamente o meio ambiente e a saúde das pessoas que vivem nas proximidades”.
“Estamos perdendo valiosos recursos naturais pelos quais poderíamos obter lucros significativos e usá-los para melhorar o bem-estar de nosso povo”, afirmou o líder político, que disse ter instruído as autoridades a “encontrar uma solução para extinguir o fogo”.
O local por si só é impressionante: uma cratera de 69 metros de largura e 30 metros de profundidade, com um interior que conta com gás natural que continua queimando há mais de 50 anos.
Ainda assim, muitos podem se questionar como a situação chegou a esse ponto, ou seja, como o impressionante poço surgiu, já que ele foi resultado de ação humana, e não um fenômeno natural que já estava ali há muito tempo.
Pelo que se sabe, segundo a BBC News, tudo aconteceu em 1971, quando aconteceu um acidente de perfuração durante uma exploração para encontrar petróleo no deserto de Karakum.
Os geólogos soviéticos estavam perfurando o solo e acabaram atingindo uma caverna de gás, o que fez com que a plataforma de perfuração desmoronasse junto com a terra embaixo dela e formasse três grandes sumidouros.
Naquela situação, os soviéticos decidiram queimar o gás ao atear fogo, com o objetivo de evitar que os gases perigosos, como o metano, se difundissem na atmosfera. Eles, no entanto, pensavam que o incêndio duraria apenas algumas semanas e não décadas.
Embora essa seja a história mais difundida sobre a origem da “porta do Inferno”, o explorador canadense George Kourounis, que fez uma viagem ao local em 2013 para o canal National Geographic, contou à BBC que não é possível saber exatamente o que aconteceu.
"Uma das coisas mais impressionantes e frustrantes sobre esta cratera é que realmente não há muita informação sobre ela. [Você não consegue], nem sequer visitando o país", revelou.
Fiz todo o possível para encontrar algum relatório ou registro oficial, algum jornal que mencionasse o incidente... Mas, nada”, completou o especialista.
De acordo com Kourounis, não existe nada que respalde a teoria do acidente soviético, ainda que geólogos do Turcomenistão afirmem que a cratera tenha se originado nos anos 1960 e começado a queimar na década de 1980.
Ele acrescenta que "há inclusive controvérsia sobre se ela foi incendiada acidentalmente, como pela queda de um raio, ou se foi intencional", porque existe a hipótese de que a cratera surgiu a partir de “flaring”.
A técnica envolve queimar intencionalmente os excedentes da extração de gás natural em decorrência de segurança e economia e constaria como ultrassecreto nos documentos, caso tivesse acontecido no deserto de Karakum há décadas.
Com todos os mistérios que cercam a Cratera de Darvaza, é possível dizer que sua origem ser envolta de incógnitas está de acordo com a postura que a União Soviética vinha apresentando ao longo de sua história: segredos e apenas sucessos eram divulgados.
Como a URSS era muito rica em gás natural, é possível que queimar o local tenha sido a melhor estratégia na época, ressaltando que a liberação de metano na atmosfera é extremamente perigosa pois pode causar explosões.