Quando tinha apenas sete meses, Brisa sofreu um terrível acidente que mudou para sempre sua vida: ‘Ninguém é mais ou menos que o outro, somos todos iguais’
Medalhista, modelo, referência e inspiração. Quem vê hoje a jovem Brisa, de apenas 21 anos, não enxerga apenas a história de uma pessoa bem-sucedida, mas admira também a trajetória de uma mulher forte que lutou a vida toda contra preconceitos.
Quebrando paradigmas, Brisa conquista cada vez mais seu espaço e nos mostra que há sempre um motivo para sorrir, apesar dos pesares e dos infortúnios na vida.
Se uma palavra pudesse descrever a vida de Brisa, sem dúvida alguma ela seria superação. A primeira vez que o substantivo se fez presente foi quando ela tinha apenas sete meses de idade.
Na noite de 17 de dezembro de 2000, enquanto dormia em sua casa, na cidade de Salta, que fica a mais de 1,7 mil quilômetros da capital Buenos Aires, um incêndio tomou conta de seu quarto. Como resultado, Brisa ficou com cerca de 88% do corpo queimado.
Seu organismo foi fortemente castigado e a jovem teve que encontrar forças para lutar contra os prognósticos médicos, afinal, o fogo atingiu regiões sensíveis, como a cabeça e os braços — sua mão esquerda, por exemplo, teve de ser amputada.
As marcas se fazem presente até hoje e se tornaram algo que Brisa carregará até seus últimos dias. Como explica matéria publicada pela Folha de Pernambuco, a jovem precisa usar um capacete especial que serve como proteção dos tecidos que cobrem seu cérebro.
Aos 14 anos, a argentina encontrou na corrida a liberdade de sua alma e um dos motivos que a fazem se sentir viva. Com o esporte, descobriu a competição, e com o desafio descobriu que é tão capaz quanto os outros.
Participando de torneios locais, foi medalhista de bronze nos 100 metros livres e alcançou o segundo lugar na prova de 150, além de competir em outra área do atletismo, o arremesso de peso.
Mas sua maior glória aconteceu nos Jogos Nacionais Evita, competição criada em 1948 pelo governo da Argentina, voltada a crianças e jovens. Na prova de 200 metros, ninguém foi capaz de superá-la, conforme relata o G1. E olha que Brisa não ouviu o sinal da largada e acabou saindo mais tarde que suas adversárias.
Desde 2018, a atleta passou a assumir outro papel importante: a de secretária administrativa na Área de Esportes do Município de Salta. Já no ano passado, após uma foto sua viralizar nas redes sociais na Argentina, Brisa foi convidada para participar do Miss Belleza Mundial.
No concurso, acabou conquistando três prêmios: a de foto mais votada nas redes sociais; o de mulher forte; e o de miss simpatia. Fora isso, ela também acabou fechando contrato com uma agência de modelos de sua cidade natal. Agora, o mais novo desafio que deseja encarar é o de se tornar professora de educação física.
“Ninguém é mais ou menos que o outro, somos todos iguais. Se eles querem fazer algo de que gostam, eles apenas têm que propor e fazer. O que me propus a fazer, sempre consegui”, diz em entrevista ao site do hospital Garrahan, onde ela recebeu tratamento após o grave acidente em sua infância.
Além de personalidade midiática, Brisa também se tornou uma fonte de inspiração para pessoas que já sofreram episódios parecidos com o dela. “Eu aprendi a defender o que é meu, mas nem todos têm a mesma possibilidade. Então eu quero ajudar de alguma forma", diz.
A modelo luta para que pessoas como ela superem a vergonha de se esconderem, só assim será possível acabar com a estigmatização. “Se houvesse a possibilidade de fazer um transplante de face eu não aceitaria. Eu me olho no espelho e gosto do jeito que sou”, conclui.