Antes mesmo de sua construção terminar, o campanário da Catedral de Pisa começou a pender para o lado
Foram 199 anos para ser concluído, entre 1173 e 1372, e o problema já estava tão claro na Idade Média que os andares superiores são irregulares para compensar pela inclinação, que chegou a 5,5 graus em 2001, mas retornou a mais confortáveis 3,99 graus com a última obra de establização.
O fato de ela nunca ter caído parece um milagre não só pela inclinação, mas pela região onde está, sobre falhas tectônicas. Desde sua construção, ela passou por pelo menos 4 terremotos severos, o primeiro em 1280, e eles levaram ao chão obras aparentemente muito mais sólidas.
Por que não caiu? Essa é uma questão que vem intrigando arquitetos há pelo menos 500 anos. “Dada a vulnerabilidade da estrutura, que mal para em pé, era esperado que sofresse sério dano ou mesmo caísse diante de atividade sísmica moderada”, afirma o professor George Mylonakis da Universidade de Bristol, que, com 16 engenheiros, realizou um estudo que, acreditam, encontrou a resposta definitiva. Ela vem de um fenômento chamado interação dinâmica entre solo e estrutura.
Um terremoto destrói um edifício não simplesmente pelo fato de o solo balançar na horizontal. Muito mais perigosa é a ressonância. Todos os objetos têm uma frequência natural de ressonância. Se as vibrações são produzidas nessa frequência, eles passam a chacoalhar de forma cada vez mais intensa. Se a frequência natural de um edifício é a mesma do terremoto, ele vai balançar violentamente e, possivelmente, terminar como entulho.
Segundo o estudo, a torre nunca caiu pela mesmíssima razão que é torta. Ele se inclinou porque é um prédio alto, sólido e pesado, construído sobre terra fofa. “A considerável altura e dureza da torre combinada com a maleabilidade do solo da fundação faz com que as características vibracionais da estrutura sejam substancialmente modificadas, de forma que a torre não ressona com o movimento do terremoto”, afirma Mylonakis. “Essa é provavelmente a chave de sua sobrevivência.”
O estudo formal do caso foi apresentado em junho de 2018 na 16ª Conferência Europeia de Engenharia de Terremotos. Pode-se encontrar o documento completo da reunão na internet.