A controvérsia vai muito além do fato do príncipe Harry já ter se vestido de soldado da SS
Em 2005, o Príncipe Harry, que era considerado o terceiro na linha de sucessão da família real britânica, usou um uniforme de soldado nazista para uma festa à fantasia, causando uma enorme polêmica. O príncipe, vestindo uma tarja de soldado da SS, ilustrou a capa do jornal The Sun, que gerou burburinho antes mesmo de chegar às bancas.
Diante do escândalo, Harry se desculpou, mas isso não impediu que a congregação judaica da Grã-Bretanha classificasse o episódio na época como de “mau gosto”. Isso também espalhou indignação por Jerusalém e deu a chance para que jornalistas de jornais do Reino Unido reavivassem atitudes altamente controversas por parte dos membros da casa de Windsor.
Há uma relação entre a família Real Britânica frente ao Terceiro Reich ( e ela vai muito além da fantasia anacrônica e insultante de Harry). Mas a família tentou negar isso. Sua origem alemã sofreu até uma tentativa de ser apagada, com a mudança do sobrenome de Saxônia-Coburgo-Gotha para Windsor, em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial.
Por um lado, o rei George VI e a rainha Elizabeth, pais da atual rainha, Elizabeth II, simbolizaram resistência contra o fascismo. Ambos se recusaram a deixar o reino enquanto acontecia a Segunda Guerra Mundial. E o fato da realeza visitar bairros bombardeados pelos alemães era uma forma de aumentar a moral de londrinos.
Mas, por outro lado, Edward VIII, o irmão mais velho do rei George VI (e tio de Elizabeth II), foi simpatizante do nazismo. Ele, que era conhecido como o duque de Windsor, chegou até a se encontrar com o ditador Adolf Hitler.
Edward VIII embarcou para a Alemanha em uma visita feita em outubro de 1937. Jamais o duque deixou de expressar apoio pelo totalitarismo. Certa vez, o tio Elizabeth II teria dito para um parente alemão que “os ditadores são muito populares hoje em dia. Podemos querer um na Inglaterra em breve”.
O duque de Windsor reinou por um curto período de tempo, em 1936, vendo em Hitler um modo de combater o comunismo stalinista. Após abdicar o trono para se casar com uma mulher divorciada, a norte-americana, Wallis Simpson, os alemães consideraram Edward VIII como um aliado. Cogitaram até colocá-lo no trono quando derrotassem a Grã-Bretanha.
E, enquanto isso, a esposa do duque de Windsor também se aproximava dos alemães. Suspeita-se até que ela deu informações privilegiadas para apoiadores de Hitler durante a invasão da França. Fora os boatos que diziam que ela teve um affair com o ministro das Relações Exteriores de Hitler, Joaquim von Ribbentropp.
Além do casal Duque de Windsor e Wallis Simpson, a Família Real Britânica também teve outras ligações com o Terceiro Reich. E elas envolvem diretamente a Rainha Elizabeth II. Uma foto da monarca, de 1933, ano em que Adolf Hitler ascendeu ao poder na Alemanha, mostrou que ela pode ter se relacionado de alguma forma com o nazismo, muito antes da Segunda Guerra.
A imagem foi publicada pelo Jornal The Sun, em 2005 (mesmo ano em que Harry se vestiu de soldado nazista). A fotografia mostra a rainha realizando a famosa saudação nazista “Heil, Hitler” com a família.
A situação foi retirada de uma filmagem feita quando a atual rainha tinha cerca de sete anos de idade. Elizabeth II estava no castelo de Balmoral, com sua irmã e sua mãe, além de (não por acaso) o seu tio nazista, Edward VIII.
Mas se de fato a rainha foi educada com os ensinamentos do Terceiro Reich, isso não é possível afirmar. Em entrevista ao The Sun, o historiador James Holland interpretou a foto, dizendo que a família estava apenas brincando. “Acho que não havia uma criança na Grã-Bretanha nas décadas de 30 ou 40 que não tenha feito uma falsa saudação nazista como brincadeira”, afirmou.
Fato é que não apenas o tio de Elizabeth II era nazista, como também a cunhada da monarca, a princesa Cecília, que era irmã de Philip — que, por sua vez, se casou com a rainha e tornou-se Duque de Edimburgo.
A cunhada de Elizabeth II e o marido, Jorge Donatus, decidiram se filiar ao partido nazista. Como figuras da realeza, eles serviram para ampliar relações internacionais do partido, passando sua mensagem por toda a Europa.
Philip, o marido de Elizabeth II, mesmo que tenha servido na Royal Navy junto aos Aliados, também tinha muitos familiares que mantiveram relações com os nazistas. Quando ele se casou com a atual rainha, em 1947, o número de convidados de sua família foi limitado para evitar o escândalo de ver as dependências da abadia de Westminster repletos de simpatizantes de Hitler.
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