Próxima do Führer, a alteza foi vítima de um fatídico acidente em 1937
Terceira filha do príncipe André da Grécia e Dinamarca, Cecília nasceu em 22 de junho de 1911, no Palácio de Verão da Família Real Grega, em Tatoi. Neta do rei Jorge I da Grécia e da Olga Constantinovna da Rússia, Cecília foi batizada 10 dias depois com padrinhos ilustres entre as realezas europeias; rei Jorge V do Reino Unido, Ernerto Luís, Grão-Duque de Hesse, Grão-Duque de Hesse, Nicolau da Grécia e Dinamarca, e tinha a duquesa Vera Constantinovna da Rússia como madrinha.
Com três irmãs — Margarida, Sofia e Teodora — Cecília era a terceira filha mais velha. Com uma criação durante toda a infância, predominantemente feminina, com aulas de bom modos e regradas ao convívio unicamente junto as garotas, teve o primeiro irmão do sexo masculino aos 10 anos; Filipe, que posteriormente se tornaria Duque de Edimburgo e se casaria com Elizabeth II, atual rainha da Inglaterra.
Sua adolescência e crescimento foram idênticos ao de suas irmãs, que exerceram compromissos reais e se casaram. Entretanto Cecília seguiu um caminho um pouco distinto dos outros cônjuges arranjados. Em 1922, chegou a ser dama de honra do casamento do tio, o Supremo Comandante Aliado do Sudeste da Ásia durante a Segunda Guerra Mundial, Luís de Battenberg.
Em 1931, a princesa casou-se, aos 19 anos, com Jorge Donatus, filho mais velho de Ernesto Luís. Grão-Duque Hereditário de Hesse tinha o sobrenome Nicolau, em homenagem ao czar Nicolau II da Rússia. Com ele, teve três filhos, Luís Ernesto de Hesse, Alexandre Jorge de Hesse e Joana de Hesse. A família, instalada em Darmstadt, uma cidade alemã próxima a Frankfurt, passou então a fazer da união uma forma de potencializar o poder político.
A surpresa, entretanto, veio em maio de 1937, quando o casal decidiu se filiar ao Partido Nazista. Sendo figuras monárquicas notáveis, serviriam de intermédios para as relações internacionais do partido. Nessas viagens, tinham a oportunidade de passar a mensagem do partido alemão por toda a Europa, sempre amparados de pelo padrinho do casamento, o sogro Ernesto Luis.
Com o falecimento do sogro em outubro de 1937, Cecília passou a mediar as participações em convenções e eventos, mas sofreu interferência nas datas graças a morte de Ernesto. No mês que o líder veio a óbito, o casamento do cunhado Luís com Margaret Campbell Geddes estava agendado, porém, foi adiado para 16 de novembro, em Londres. Porém, a comemoração se tornaria uma tragédia.
Cecília, acompanhada dos dois filhos mais velhos, estava na reta final de uma gravidez do quarto filho. Jorge, entusiasta da aviação, orientou que a viagem para Londres fosse feita em um monoplano, pilotado por Tony Lambotte, amigo pessoal do rei Leopoldo II. A princesa, que já manifestava medo de voar em aviões, costumava usar roupa preta quando havia a necessidade de deslocamento aéreo, prevendo o pior.
No dia, além de estar em uma região inapropriada para vôo, com um nevoeiro intenso e com condições meteorológicas arriscadas, Cecília estava sofrendo diversas contrações durante os dias anteriores, indicando que o filho poderia nascer a qualquer momento. Entretanto, a pressa foi a inimiga da perfeição; o casal preferiu seguir viagem com os filhos, deixando apenas a filha Joana em casa, por ser muito pequena.
Com a decolagem, diversas turbulências já indicavam a necessidade de uma aterrisagem forçada antes da chegada, porém, o nevoeiro impediu que o piloto tivesse visão para fazer um pouso em Bruxelas. Assim, recebeu instruções para aterrar em uma pista em Steene, na Bélgica.
Mesmo com a visibilidade reduzida, o piloto arriscou a descida às cegas, chegando a ter três disparos de foguetes na pista de pouso, para orientar o piloto. A medida não foi eficiente: o avião colidiu com a chaminé de tijolos de uma fábrica próxima ao aeródromo. A batida destroçou o avião imediatamente e alastrou chamas por todo o local, matando todos os tripulantes da aeronave.
Há uma teoria de que a viagem poderia ter prosseguido acima do nível que estava com segurança, entretanto, o pouso forçado foi sugerido pela possibilidade de Cecília ter entrado em trabalho de parto durante a viagem. Com a identificação dos corpos, a equipe identificou um feto prematuro próximo ao corpo desfigurado da princesa, porém, já fora de seu útero, fortalecendo a teoria.
O funeral, realizado na semana seguinte, foi inteiramente decorado com bandeiras nazistas, tendo o cortejo fúnebre acompanhado de centenas de apoiadores do partido realizando a saudação Heil Hitler. Adolf Hitler chegou a enviar mensagens de condolência à família e o enterro contou com a presença de Hermann Goering. A filha mais nova morreu dois anos depois, vítima de meningite.
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