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Matérias / Crimes

16 anos longe da família: Caso Pedrinho, o sequestro que chocou o Brasil

Vestida de enfermeira, Vilma Martins Costa levou o menino da maternidade quando ele tinha apenas 13 horas de vida — sua mãe biológica jamais pensou que o reencontraria novamente

Isabela Barreiros Publicado em 28/08/2020, às 09h00

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Pedrinho foi sequestrado ainda na materinadade - Divulgação
Pedrinho foi sequestrado ainda na materinadade - Divulgação

O Caso Pedrinho foi um dos mais marcantes fatos dos anos 80 no Brasil. Cenário que mais parece o de novelas ou até mesmo filmes, a história, na verdade, não aconteceu no mundo da ficção, mas na realidade, e causou sofrimento em uma família desesperada sem seu filho.

Pedrinho, ou Pedro Rosalino Braule Pinto, nasceu na maternidade Santa Lúcia, em Brasília, em janeiro de 1986, explica o Correio Braziliense. Sua mãe, Maria Auxiliadora Braule Pinto, recuperava-se do parto na maternidade do local, quando uma mulher vestida de enfermeira adentrou o cômodo e afirmou que levaria o bebê para realizar exames. Maria só veria seu filho novamente apenas 16 anos.

Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho / Crédito: Divulgação

A falsa auxiliar médica era Vilma Martins Costa, uma empresária moradora de Goiânia. Fugindo com o bebê de apenas 13 horas de vida, ela o levou para sua casa, onde o criou até a adolescência. Pedro também teve seu nome alterado — depois do sequestro, passou a ser chamado de Osvaldo Martins Borges. Não apenas chamado, como também oficialmente registrado.

Na casa de Vilma, estava também outra criança. Roberta Jamilly Martins Borges, nome dado pela mulher à Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, que também havia sido sequestrada há mais de 23 anos. Os dois foram criados como irmãos em Goiânia.

A história que a mulher contava quando perguntavam como ela “conseguiu” as crianças era que um gari havia as entregado, explica a Folha de S. Paulo.

Pedrinho e Vilma / Crédito: Divulgação/ YouTube/ TV Record

Mas ainda assim, ela não conseguia convencer a todos com isso. A neta de seu atual marido, Gabriela Azeredo Borges, desconfiava da veracidade dessa narrativa e começou a investigar mais a fundo o caso

Gabriela viu uma fotografia de um bebê no site SOS Criança, órgão da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, e percebeu muitas semelhanças entre ele e a criança sem pais que Vilma alegava ter recebido. Foi aí que ela percebeu que não estava contando a verdade, e passou a procurar os verdadeiros parentes da criança.

Ao encontrar o pai biológico de “Osvaldo” no site Missing Kids, ela percebeu ainda mais afinidades físicas entre os dois, explica a Isto É!

Em outubro de 2002, o caso pareceu tomar um rumo mais concreto quando Gabriela decidiu, finalmente, ligar ao próprio SOS Criança de Brasília e relatar o que estava acontecendo na casa da mulher de seu avô. A polícia decidiu retomar a apuração.

É quando o jornal local Correio Brasiliense coloca a público toda a história. Parte importante na divulgação do caso, o veículo pressionou as autoridades a buscarem pela versão verdadeira o mais rápido possível. É quando o exame de DNA é realizado, com uma amostra doada por Pedrinho, que apenas acatou após a Polícia Civil concordar em não fazer nada com Vilma.

Vilma Martins Costa / Crédito: Divulgação/ YouTube/ TV Serra Dourada

O teste comprovou o sequestro do bebê de Brasília em 8 de novembro daquele ano. Ainda assim, tratava-se de uma situação muito sensível, o que fez com que a família não se reencontrasse de maneira imediata — foi no dia 10 que eles se viram pela primeira vez, depois de 16 anos, e a reunião ainda contou com a presença da mulher que o havia criado.

Pedro permaneceu com Vilma até julho de 2003, quando se mudou para Brasília para morar com seus pais, Maria e Jairo. As autoridades ainda conseguiram concluir que Roberta também havia sido sequestrada. 

Ainda em maio daquele ano, a sequestradora foi localizada pela polícia, que a deteve em prisão preventiva. A sentença de oito anos e oito meses por subtração e falsificação de documentos veio três meses depois.

A sequestradora também foi condenada novamente por quatro anos e seis meses por registro de filho alheio como próprio, dessa vez no caso de Roberta. Mais seis anos e sete meses também entraram na conta de Vilma pela vez em que ela tentou receber falsamente o seguro de vida de seu falecido marido.

Pedrinho junto de seus pais biológicos/ Crédito: Divulgação/ YouTube/ TV Serra Dourada

Devido a recursos, ela teve sua condenação reduzida em quatro anos, recebendo também liberdade condicional após cumprir cinco anos. 

Advogado em Brasília, o homem que foi um garoto sequestrado vive uma vida comum, apesar de ser um pouco reconhecido pelo caso que marcou sua vida.

“Já faz muito tempo. Comecei como estagiário no escritório, mas todos sabem, sim, da história. Nas ruas, as pessoas me reconheciam mais, hoje é pouco. Já faz muito tempo”, disse em entrevista ao jornal O Globo em 2017.