Filho do rei Yeongjo, o herdeiro frequentemente matava funcionários do palácio para liberar suas emoções, além de agredir e estuprar muitas concubinas
Ao longo da história existem casos de insanidades nas famílias reais europeias. Alguns até, injustamente ou não, receberam o apelido de loucos. No entanto, essa bizarrice não é exclusividade dos europeus. Um bom exemplo vem da Dinastia Joseon da Coréia, que governava o país desde 1392.
Nascido em 13 de fevereiro de 1735, o príncipe Sado foi o segundo filho do rei Yeongjo com sua concubina favorita. Apesar de não ser o primeiro na sucessão do trono, virou o principal herdeiro quando seu irmão mais velho morreu tragicamente aos 9 anos.
Embora o nascimento de um filho saudável causasse um grande regozijo no rei, Sado não teve uma infância fácil. Seu pai tinha um temperamento terrível e desde muito cedo despertou um certo medo no jovem.
Apesar de idolatrar seu pai, ele se mostrava tímido no relacionamento com seu progenitor, o que deixava Yeongjo muitas vezes zangado. Por outro lado, o rei mostrava ser muito rigoroso com todos os erros que Sado cometia e seus acertos, quando aconteciam, pareciam passar despercebidos.
Assim como seu pai, Sado amava e reverenciava sua mãe, mas o relacionamento dos dois também não era muito acolhedor.
Como príncipe herdeiro, Sado casou-se muito jovem com Lady Hyegyong, filha de um estudioso pobre, mas com uma linhagem impressionante de conhecimento. Na ocasião, os noivos tinham cerca de nove anos de idade e o relacionamento era baseado em brincadeiras.
Um ano e meio após o casório, no ano de 1746, Sado ficou gravemente doente, onde diversas vezes perdeu a consciência. Embora ele tenha se recuperado em alguns meses, o relacionamento entre ele e seu pai nunca melhorou, muito pelo contrário, Sado passou a sentir uma severa ansiedade quando estava na presença do rei Yeongjo.
Depois de completar 14 anos, ele e Hyegyong começaram a se relacionar com um casal tradicional. Pouco tempo depois tiveram um filho, que infelizmente viveu até os 2 anos. Mesmo com o profundo lamento, eles tiveram outro herdeiro um ano depois, em 1752.
As coisas pareciam estar melhorando para Sado, mas a doença parece ter sido um ponto de virada para ele, que começou a demonstrar um comportamento inconstante. Historiadores especulam que um ataque de sarampo exacerbou seu estado já agitado e ele passou a ter constantes alucinações e pesadelos.
Mesmo com seu desequilíbrio, Yeongjo passou a enviar Sado para realizar tarefas oficiais que o rei não queria fazer. Isso incluía, entre outras coisas, a tortura de prisioneiros imperiais, o que não melhorou o estado de saúde mental do jovem.
Para piorar a situação, Sado começou a se envolver com concubinas, e acabou engravidando uma delas em 1754. Aterrorizado com a raiva do pai, o príncipe forçou a vítima a tomar remédios abortivos, mas para seu desespero, a criança nasceu em segurança.
Em 1757, a mãe e a esposa de Yeongjo faleceram no intervalo de um mês. Como Sado era muito próximo de ambas, as mortes só levaram a uma acentuada deterioração de sua saúde mental.
No mesmo mês de morte da rainha Jeongseong, esposa de seu pai, Sado entrou em um de seus aposentos segurando a cabeça decepada de um eunuco que ele havia matado, forçando as damas de companhia e sua esposa a vê-lo. Depois desse episódio, ele frequentemente matava funcionários do palácio para liberar suas emoções, além de agredir e estuprar muitas concubinas.
Sua esposa, Lady Hyegyeong, relatou que quase perdeu o olho depois que Sado a atingiu na cabeça com um tabuleiro de xadrez. O rei Yeongjo perguntou a Sado o motivo dele cometer os crimes, ele então respondeu: “Porque estou com dor! Você é meu pai, mas não me ama”.
Em 1762, todos no palácio — desde familiares até criados — estavam em perigo total. Apesar do total de corpos serem desconhecidos, relatos dão conta de que vários cadáveres eram levados do palácio todos os dias. Sado não parecia saber que estava matando pessoas, pois estava semiconsciente na maior parte do tempo.
Fim trágico
As coisas só começaram a mudar quando ele voltou suas atenções perigosas para sua irmã mais nova, tentando repetidamente seduzi-la e estuprá-la. Em 4 de julho de 1762, foi convocado pelo rei. Acabou sendo despojado de seu título e recebeu a ordem de entrar numa caixa de arroz, que era um grande baú pesado de madeira.
A tampa foi fechada, a caixa selada e Sado acabou sendo deixado para sufocar no calor abrasante de julho. Apesar de sua incrível resistência, Sado não suportou ao oitavo dia sem água e comida e morreu gritando por misericórdia.
O príncipe herdeiro Sado foi enterrado no Monte Baebong San, em Yangju-si. Seu corpo foi movido pelo rei Jeongjo para a localização atual em 1789, então chamado de Hyeollyungwon perto de Suwon, a 30 quilômetros ao sul de Seul. Cinco anos depois, a Fortaleza de Hwasong foi construída pelo rei Jeongjo para memorizar e honrar o túmulo de seu pai.
A construção durou de 1794 até 1796. Lady Hyegyeong morreu e foi enterrada ao lado do marido anos depois, em 1816. Os dois foram postumamente elevados em status e receberam o título de Imperador Yangjo e Imperatriz Heonyeong em 1899. A Fortaleza de Hwaseong foi incluída na lista do Patrimônio Mundial da Unesco em 1997.
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