Por que havia uma campanha contra sua execução? E por que as execuções federais voltaram a ser feitas nos EUA após 17 anos de hiatus?
Dentre as promessas de campanha de Joe Biden, o presidente eleito dos Estados Unidos, esteve a alegação de que o democrata pretendia abolir a pena de morte federal.
No país, os estados possuem relativa independência em suas legislações, de forma que a pena de morte estadual foge da alçada do governo central.
A reação do governo atual, que é liderado pelo republicano Donald Trump, criou uma situação inédita no sistema judiciário do país: começou a ocorrer uma aceleração das execuções dos presos federais no corredor da morte.
Esse esforço já resultou em nove execuções após a pena de morte ter sido retomada esse ano, sendo um desses Brandon Bernard, cujo caso, em particular, ganhou grande atenção da sociedade e mídia norte-americana.
Foi organizada uma campanha (que contou com a presença de pessoas que participaram de sua condenação, inclusive) pedindo pela troca da sentença do preso para “prisão perpétua”.
Apesar de toda essa movimentação civil, todavia, o judiciário estadunidense não mudou sua decisão, e o homem foi morto na última quinta-feira à noite, 10.
O crime
Conforme divulgado pela BBC, Brandon foi condenado 20 anos atrás, quando tinha 18 anos de idade, por envolvimento no sequestro e assassinato do casal Todd e Stacie Bagley em 1999.
Antes da morte, ele explicou que o líder era outro criminoso que também foi sentenciado à pena de morte, Christopher Andre Vialva, então de 19 anos.
Esse segundo teria sido o responsável não só pelo sequestro, mas também pelos tiros que tiraram a vida do casal. Já Bernard recebeu a tarefa de queimar o carro que tinha os corpos escondidos no porta-malas, o que resultou em seu envolvimento no caso.
A campanha
Segundo os defensores de uma pena mais branda para o preso, seu envolvimento secundário no crime, assim como suas manifestações de remorso e ainda o comportamento exemplar durante seu período encarcerado deveriam ser o suficiente para reavaliar sua sentença, mudando-a para prisão perpétua.
A campanha estabelecida em defesa da retirada de Brandon do corredor da morte incluiu diversas figuras relevantes, entre elas cinco dos nove jurados ainda vivos.
Outra pessoa a mudar de opinião em relação à punição merecida pelo preso foi a promotora Angela Moore, que esteve envolvida no julgamento, na época defendendo a sentença de morte.
Outro argumento a favor da revisão da sentença de Bernard era que no tribunal que o condenou foram ocultadas do júri certas evidências que poderiam ter mudado os rumos de sua pena.
Todavia, o homem afro-americano foi executado a despeito dos inúmeros apelos. Segundo divulgado pela BBC, suas últimas palavras foram: “Eu sinto muito. Essas são as únicas palavras que posso dizer que captam completamente como me sinto hoje e como me senti naquele dia”.
Fora de contexto
Fazia 17 anos que a pena de morte federal não era aplicada, e as nove execuções realizadas até agora em 2020 já ultrapassam o número total que ocorreu de 1896 para cá, configurando um cenário totalmente singular.
A decisão do governo Trump, dessa forma, acabou se mostrando contra a corrente. Outra prova disso é uma pesquisa da Gallup feita nos EUA em 2019, que descobriu que 60% dos norte-americanos acreditava que a prisão perpétua era uma punição mais adequada para assassinatos.
Em dezembro, ainda, um grupo de cem promotores e procuradores da Justiça norte-americana se declarou publicamente contra a pena capital, pedindo pelo cancelamento das execuções.
“A pena de morte é aplicada de maneira desigual e arbitrária, é ineficaz em promover a segurança pública e é um desperdício dos recursos dos contribuintes. E seu uso apresenta o risco perigoso de executar uma pessoa inocente. Essas preocupações são especialmente urgentes em meio a uma pandemia global e a pedidos por justiça racial”, escreveu o grupo em um comunicado, ainda segundo divulgado pelo site britânico.
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