Conhecido como a Epidemia da dança ou apenas dançonomia, fenômeno acometeu diversas pessoas entre os séculos 14 e 18 — sendo que algumas morreram de tanto dançar
Homens, mulheres, crianças, pelas ruas, ou em vilarejos e até mesmo em cidades, não importa, entre os séculos 14 e 18 diversos casos de pessoas dançando até a exaustão foram registrados na Europa.
Segundo artigo do pesquisador Daniel O 'Neill, da Universidade do Estado da Flórida, há registros de pessoas que dançaram até espumarem pela boca e, em casos mais extremos, até a morte.
Mas qual seria o motivo de tanta comemoração? Algum tipo de ritual ou uma celebração religiosa, quem sabe? Na verdade, tudo não passou de uma grande epidemia. Conheça mais sobre a dançomania, ou Epidemia da Dança, chame como quiser!
Embora a ocorrência mais famosa seja a que aconteceu em Estrasburgo, na França, em 1518, onde a epidemia acometeu mais de 400 pessoas, segundo aponta matéria da SuperInteressante, há registros mais antigos da dançonomia.
Antes de Estrasburgo, conforme mostra matéria doTerra, outros sete casos do surto aconteceram na Europa, sendo o de Aquisgrano, na Alemanha, em 24 de junho de 1374, um dos primeiros de grande escala. Outros registros ocorreram em 1492, 1502 e 1511, em lugares como os Países Baixos, e as cidades de Colônia e Metz.
Conforme explica matéria do Terra, após o início da Epidemia em Estrasburgo, muitos acreditavam que a dança coletiva poderia ser causada por condições astrológicas ou por interferência sobrenatural — algo levado muito a sério na época.
Entretanto, depois de um tempo, essas opções foram descartadas, o que os levaram a outra conclusão: o “sangue quente”. Naquela época, a medicina ortodoxa acreditava que o aquecimento do cérebro poderia levar as pessoas a loucura.
Mas como fazê-las recuperarem a sanidade? Um dos tratamentos testados foi o mais óbvio possível: fazer com que elas dançassem até recuperarem o total controles de seus corpos.
Para isso, salões e bares foram abertos para as vítimas; e até mesmo músicos e dançarinos profissionais foram chamados para tocarem dia e noite nas festanças na cidade. Caso a vítima cambaleasse ou até mostrasse sinais de fraqueza, o compasso dos acordes acelerava ainda mais, explica o Terra. Como se pode imaginar, isso não deu muito certo.
Riscado mais uma possibilidade, as autoridades decidiram que a epidemia não era uma doença natural, mas uma maldição divina, enviada por um santo. Conforme conta matéria da Super, o nome responsabilizado por isso foi o de São Vito.
E havia motivos para isso: o primeiro era que o santo é o protetor dos animais e dos epiléticos. Outro é que, em 1278, um outro surto da doença ocasionou na queda de uma ponte, no rio francês Mosa. Os feridos do acidente foram levados a uma capela dedicada a ele.
Já outros dois casos, que ocorreram no século 14, na Suíça, aconteceram um dia depois do Dia de São Vito, que é celebrado em 15 de junho. Assim, com o passar dos anos e o aparecimento dos casos, sua possível origem foi se difundindo na Europa.
Na época, muitos não sabiam explicar o que levava as pessoas a tais condições, entretanto, o historiador John Waller, especialista no fenômeno, tem uma versão plausível para esses acontecimentos.
Em entrevista ao Terra, ele diz que é preciso entender o contexto da época, onde as pessoas viveram momentos severos, com invernos rigorosos ou verões abrasadores; o aumento de impostos e as diversas proibições à população; além da grave situação econômica que elas viviam, onde muitas delas morriam de fome.
Assim, a angústia e o medo passaram a tomar conta dos menos afortunados, que se tornaram suscetíveis a quaisquer sugestões. Waller explica que muitas acreditavam estar “amaldiçoadas” por São Vito e que outras pessoas que as viam nessa situação também passaram a crer que estavam igualmente amaldiçoadas.
Foi uma espécie de união inconsciente, o que podemos chamar de histeria coletiva. "A praga de dança foi uma expressão patológica de desespero e medo religioso", afirma o historiador.
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