Em 3 de abril de 2004, Brooks desapareceu após participar de uma festa e deu início a um mistério que já dura 16 anos
Em julho de 2020, a série Mistérios sem Solução — reboot de um clássico da década de 1980 — estreou na Netflix. Como o próprio nome sugere, o programa revive casos bizarros e controversos que não tiveram solução até o momento.
Em formato de documentário policial, o show entrevista pessoas envolvidas nos acontecimentos, sejam investigadores ou parentes/conhecidos das vítimas, e também traça todas as hipóteses abordadas pelas equipes que trabalharam nas buscas. Além do mais, o website da série também disponibiliza um espaço para quem possa contribuir com as investigações.
A ideia parece ter funcionado. Isso porque um dos casos tratados no programa, o assassinato de Alonzo Brooks (4º episódio da primeira temporada), ganhou novas denúncias após a estreia da produção e o corpo de Brooks chegou até ser exumado para nova perícia.
Afro-americano com raízes mexicanas, Alonzo Tyree Brooks era natural do Kansas, nos Estados Unidos. Na época com 23 anos, ele e outros três amigos viajaram para uma festa em La Cygne, cerca de 80 quilômetros de onde residia, no dia 3 de abril de 2004.
Já no local do evento, Brooks foi alvo de injúrias raciais e testemunhas relatam que ele brigou com um dos convidados por causa de uma garota que estava no local. Apesar da confusão, o rapaz continuou na festa.
A bagunça se tornou ainda maior quando os amigos de Brooks o deixaram sozinho em La Cygne após um mal entendido de como ele voltaria para casa. O jovem de 23 anos jamais retornou para sua residência e no dia seguinte a família de Alonzo viajou para La Cygne para procurá-lo e entrar em contato com as autoridades locais.
Dois dias depois do sumiço um boletim informando seu desaparecimento foi registrado. Posteriormente, a polícia encontrou as botas e o chapéu de Alonzo em uma em uma rua próxima a festa, mas o paradeiro de seu corpo ainda era um mistério.
Passado pouco menos de um mês, em 1º de maio, a família de Alonzo foi autorizada a vasculhar a área a procura do filho e logo no primeiro dia de esforços eles encontraram seu corpo nas margens do riacho Middle Creek, adjacente a casa onde o rapaz foi visto pela última vez.
Já em decomposição, o médico legista não conseguiu determinar qual foi a real causa da morte de Brooks, mas foi possível determinar que o jovem não tinha nenhum sinal de ossos quebrados e também não apresentava traumas ou sinais de ferimentos. Além do mais, exames constataram que ele não se afogou.
Ninguém nunca foi preso em relação ao provável assassinato. Mas, seguindo relatos de participantes da festa, que disseram que no local havia apenas três pessoas negras — entre elas, o próprio jovem assassinado —, sua família acredita que ele possa ter sido vítima de um crime de ódio, simplesmente pelo fato de ser negro em um bairro majoritariamente branco.
Em entrevista à NBC, a mãe de Brooks, Maria, declarou: “Eu sou mexicana e o pai dele é negro, então ele é misto. Ele foi alvejado por causa da cor de sua pele”. O advogado Stephen McAllister concorda: "Isso desafia as razões para acreditar que a morte de Alonzo foi um suicídio ou que de alguma forma acidental ele caiu em um riacho relativamente raso, no condado de Linn, deixando para trás suas botas e chapéu, tudo isso sem testemunhas".
Paralelamente com a estreia da série, o FBI reabriu o caso de Brooks e ofereceu uma recompensa de 100 mil dólares para quem soubesse de algum fato que possa contribuir com as investigações.
A estratégia parece ter dado certo, já que no último dia 23 de julho o corpo de Alonzo foi exumado para uma nova perícia. "Estamos investigando se Alonzo foi assassinado", disse McAllister ao KSNT. “Sua morte certamente foi suspeita e alguém, provavelmente várias pessoas, sabe o que aconteceu naquela noite de abril de 2004”.
“Já é hora da verdade aparecer. O código do silêncio deve ser quebrado. A família de Alonzo merece saber a verdade e é hora de a justiça ser feita”, concluiu o advogado.